De 2017 a 2020, do rescaldo da crise de abreviatura do mandato presidencial à quarentena pandêmica por prazo indeterminado, a República brasileira ditou aos municípios o ritmo da estagnação e da desesperança de dias melhores.
A sensação de pouca mudança e hiato viu-se reforçada pelo atraso no resultado das urnas eletrônicas, com o suspense redundando na permanência da composição do Legislativo local.
A porcentagem de vereadores reeleitos e de representantes com curso superior aproximou-se daquela constatada no pleito anterior - cerca de metade das cadeiras.
O perfil dos legisladores afonsinos também foi mantido: metade deles é constituída por lideranças comunitárias e um quarto de mulheres (seria um terço no quadriênio anterior, mas foi de fato um quarto, pois uma das eleitas compôs desde a aurora institucional o secretariado do Executivo).
O ativismo animal permanece com sua representação unitária, tal como o relevante segmento de sindicalismo. Contudo, são correntes ainda minoritárias no tabuleiro de xadrez da sociedade.
O dobro de representatividade permanece com a bancada evangélica e seus dois representantes masculinos, a personificarem as bandeiras dos cristãos conservadores de índole popularesca.
O professorado público ganhou uma voz na composição da Câmara atual e a advocacia, em tese a espelhar a grande quantidade de carteirinhas da OAB em circulação no mercado de trabalho, dobrou sua representatividade.
Quem perdeu nitidamente assento na nova casa de leis foi o segmento da saúde pública. De três nomes reduziu-se a apenas um. A pauta sanitária, outrora polêmica pela recorrente queda de braço entre o Executivo anterior e Judiciário, desceu ao patamar das manchetes secundárias.
Por falar em queda da saúde, o ídolo Diego Armando Maradona perdeu controle de sua locomotiva desgovernada e sucumbiu na curva precoce da vida. Fica de lição à juventude como apelo por uma senda de retidão e chama à sensatez também os homens que ignoram o peso da meia idade.
A nova Câmara aguarda alguém efetivamente disposto a enxugar as gordurinhas legislativas que entravam o florescimento da atividade econômica. Uma vereança inspirada naquele Maradona de cintura fina, que deixará saudade pelos lances geniais protagonizados nas escaldantes tardes mexicanas.