A japonesa Marie Kondo, de 30 anos, escreveu em 2015 um livro que em pouco tempo foi sucesso mundial com venda de dois milhões de exemplares: ensina arrumar coisas. Com um método simples, objetivo e direto ela sentencia que é preciso por ordem “de uma só vez” seja em que bagunça for. Quem arruma um pouco a cada dia acabará fazendo isso a vida toda, ensina a moça.
O balaio de gatos em que se transformou o cenário dos poderes no Brasil em suas diversas representações, nacional, estados e municípios, desafia os mais hábeis analistas. Em um ponto, porém, todos concordam que o país precisa de uma boa e definitiva arrumada. Nada de remendos. Nada de um pouquinho de cada vez. É mudar tudo já!
Só um exemplo: em meio às delações premiadas com prisões dos antes intocáveis executivos de grandes empresas, ameaças de ‘destronar’ Temer e madames colunáveis na cadeia, estoura nova patifaria no Banco do Brasil com uma licitação “à moda antiga”, ou seja, à moda de sempre, a qual, se confirmada, merece o prêmio “Tô Nem Aí”, pois nasceu no atual governo em meio à devassa das operações da Justiça Federal. Nada mudou, se não piorou!”
E os municípios? Vão mal, obrigado. Se não com escândalos a Sérgio Cabral e senhora, vitimados pela sem-vergonhice institucional. Em Jacareí, sentimos de pronto o aumento da demanda na saúde pública pela migração de planos particulares de usuários desempregados para o SUS. A Chery da qual se esperava 3 mil empregos, não tem 600. E, veja: a fábrica é em Jacareí, mas a concessionária de vendas fica em São José dos Campos. A Sany, que teria uma unidade por aqui, não saiu do chão pela crise na construção civil; o comércio tem 40% de lojas quebradas e por aí vai.
Para “mudança geral já”, a ilustre mestra da arrumação teria um método que se aplicasse ao Brasil? Em caso afirmativo, como na fábula dos ratos, quem terá coragem de colocar o guizo no pescoço do gato? A arrumação de que precisamos tem outro sentido: arrumar vergonha nas caras de pau do poder.
É a nossa opinião.