Que nos perdoem os felinos pela má comparação. Meia dúzia de ‘gatos pingados’ compareceu à sessão de Câmara de quinta-feira (16) com a finalidade de impor aos vereadores, pelo medo, a aprovação de um projeto que nem mesmo os manifestantes pareciam saber do que se tratava. A estratégia foi a de sempre: intimidação.
Deram ‘com os burros n’água’, com o perdão, agora aos muares. Tudo ficaria debitado a uma grosseira falta de educação não fosse a infame crueldade carregada de ódio discriminatório praticada contra a presidente do Legislativo, Lucimar Ponciano (PSDB) e a todos os afros descendentes que ela representa. Quando a trupe (perdoem-nos os artistas circenses) viu que a votação não seria como desejavam, um deles apelou ‘vomitando’ um dito racista que não repetiremos aqui para não divulgar covardias.
Está tudo gravado em filme na internet (www.jacarei.sp.leg.br/tv-camara-jacarei), mencionado pela própria Lucimar, que chora ao replicar a fala criminosa. O projeto foi rejeitado por sete votos, contra dois e três abstenções; a presidente não vota, mas declarou-se pela rejeição.
Tudo se resolveria democraticamente, entretanto, se houvesse bom senso. O projeto pretendia transformar o ‘Dia Nacional da Consciência Negra’ (20 de novembro), em feriado municipal, como em alguns municípios. Ocorre que desde 1995 os feriados municipais não podem exceder a quatro. Jacareí já esgotou a possibilidade: 3 de abril, quando de vila passou a cidade; 8 de dezembro, dedicado à padroeira, Nossa Senhora da Conceição, Corpus Christi, data móvel, e Sexta-feira Santa. Paciência, mas a data existe para nós, sem ser feriado.
Aliás, esse projeto nem poderia ter sido posto em votação. Não por qualquer preconceito, mas por cumprimento da lei. Se votado e aprovado, o prefeito teria de vetá-lo. Não houve, motivo para existência dele. Se foi para aprová-lo ‘no grito’, intimidando os vereadores, não intimidou, pelo menos aos quatro homens e às três mulheres que enfrentaram ‘cara-a-cara’ os truculentos manifestantes e votaram contra.
O projeto, se foi para impressionar o público, o desconhecimento legislativo impressionou mais; negativamente, é claro. A repugnante manifestação nas galerias, esta sim racista de primeiro grau, será resolvida na Justiça.
É a nossa opinião.