A aurora impopular e corporativista da República prenunciou seguidas ditaduras no Brasil, cujo amargor foi sequencialmente temperado com o mais lento possível alastramento do sufrágio universal, até desembocar suas derradeiras esperanças na Nova República, em que todo mundo vota em qualquer um, para tudo quanto é cargo.Tem de tudo mesmo: preso provisório e facínoras com ficha criminal quilométrica votando em candidatos das facções organizadas, adolescentes irresponsáveis civil e criminalmente com título de eleitor para referendar o político preferido do professor proselitista.
Já o jovem adulto, que faz tiro de guerra de manhã e trabalha registrado durante o restante do dia, mesmo pagando pesados tributos para sustentar os bolsistas, é proibido de votar. Sem contar os beneficiários de programa assistencialista. Votam em qualquer sorriso que seja situação, só para manter a boquinha do benefício por prazo indeterminado. É o voto egoísta. Não escolhe um representante. Na realidade, vota para si mesmo.
No festival de demagogia e hipocrisia em que se transformou o País, é duro admitir: as (poucas) Repúblicas com sucesso espalhadas pelo mundo obviamente adotam sistema eleitoral bem mais sensato. Elegem representantes locais, de acordo com a realidade que conhecem. O resto é eleição indireta, segundo maioria parlamentar e adequada proporcionalidade populacional no pacto federativo.
A balbúrdia brasileira medrou conforme suas origens desvirtuadas. Gestou o aparelhamento estatal (somente nos últimos 20 anos, o número de funcionários públicos cresceu 83%) e a hipertrofia dos partidos políticos (movida pelas cifras escandalosas do Fundo Partidário). É o contribuinte bancando o butim em prol do espoliador.
Essa oclocracia perversa criou inextricável cizânia entre irmãos da mesma Pátria. De um lado, quem trabalha, produz e gera receitas; doutro, quem vive do desfrute desse orçamento, redil que inclui artistas de talento restrito às leis de benefício à cultura e militantes radicais entrincheirados em cátedras hereditárias e redações de jornais.
É por isso que devemos valorizar instituições sociais e órgãos de imprensa que mostram as duas facetas lidadoras e que, ainda, conferem espaço aos patriotas que já saíram da Matrix e aspiram pelo reencontro com nossas tradições de Democracia Real, não de fachada.