No último domingo (20), comemoramos o Dia da Consciência Negra. O Brasil deve muito a essa gente que honra nossas melhores tradições. Nos mais diversos ramos de atividade, os geniais expoentes brasileiros são afrodescendentes: Pelé, Machado de Assis, Cartola, Joaquim Barbosa. Dentre muitos outros.
Fala-se muito do juiz federal Sérgio Moro. De fato, é um homem íntegro, justo, preparado e corajoso. Ele provavelmente é o maior orgulho do poder judiciário nacional e o grande protagonista do combate à impunidade do colarinho branco.
No entanto, precisamos valorizar a figura de Joaquim Barbosa, pois foi ele o autêntico pioneiro desse trabalho de saneamento ético das elevadas esferas do poder político. O passo mais árduo é sempre o primeiro. É difícil começar, abrir caminho. E a missão por ele cumprida foi ainda mais relevante porque julgou contrariamente aos interesses de seu próprio nomeante, o que é extremamente raro de se ver.
Barbosa merece todos os encômios. Lutou praticamente sozinho no STF contra a corrupção. Não estava lá para agradar ninguém, não fez média, cumpriu seu dever com independência e galhardia. Os maus apostavam em seu desvirtuamento político depois da aposentadoria, mas ele não se candidatou a cargo algum, mostrando que não estava lá para autopromoção.
É bonito ver gente tão séria no ápice da pirâmide judiciária, ao mesmo tempo em que é lamentável a prevalência de critérios políticos para escolha dos onze ministros da corte constitucional. O foro privilegiado agrava a distorção, pois o presidente escolhe quem vai julgá-lo, meio caminho andado para a leniência e impunidade.
Esperamos um dia ver instalado o verdadeiro estado democrático de direito, em que o STF seja ágora dos mais notáveis juízes com mais de vinte anos de carreira, escolhidos por voto direto de todos os magistrados nacionais. Aposto que Sérgio Moro seria favoritíssimo, a mais justa escolha que as urnas poderiam produzir. Mas demorará muito para isso acontecer. Nesse ínterim, assim que abrir uma vaga, seria perfeito se a cadeira fosse a ele destinada. É o que aspiram as pessoas de bem, que sonham com um país passado a limpo.