A Secretaria Municipal de Educação de Jacareí lançou recentemente a campanha 'Cidade Leitora' para incentivar a prática da leitura pelos alunos da rede pública e aos munícipes em geral.
A iniciativa é de interesse público, pois o registro escrito é por excelência a fonte confiável da História e o verdadeiro repositório do conhecimento humano está nos livros (de que o conteúdo da internet é mero reprodutor).
Como o 'bullying' ainda é tratado e combatido de forma muito superficial nos colégios, a leitura pode servir de elemento mitigador às vítimas, que encontram no mundo mágico da literatura uma válvula de escape, refrigério para a solidão que aflige adolescentes na crueza do mundo real.
A escola pública também padece de outro sério mal, a evasão docente. Quando não ocioso por horas a fio, o alunato não recebe a carga mínima de conteúdo pedagógico. Com afinco e uma biblioteca na unidade, ele pode suprir parcialmente a ausência do professor com doses de sábia literatura.
É a biblioteca uma estrutura facilitadora da leitura para pessoas de baixa renda, desde que o acervo respeite o nível de escolaridade e a realidade cultural de cada um. Infelizmente, pelo descompasso entre o público e a obra, os clássicos distribuídos gratuitamente pelos governantes no ensino médio são desperdiçados e desembocam intactos nos sebos, caixas de troca e geladeiras comunitárias da cidade.
As bibliotecas escolares precisam estar localizadas nas áreas mais frequentadas pelo corpo discente e ostentar acesso mais convidativo ao público-alvo, com contato direto entre o leitor e as prateleiras, pois, sem ver os exemplares, nem sempre o candidato a inquilino do livro tem prévia noção exata do que despertará seu interesse.
Um grande defeito das bibliotecas públicas é segregar coleção e frequentadores, notadamente quando a barreira interposta são funcionários poucos amistosos, indispostos a ajudar ou mesmo sem pendor para a leitura.
Normalmente, a razão alegada é de segurança, mas, na prática, pouca diferença de prejuízo existe entre ter alguns tomos subtraídos ou retirar uma riqueza inteira do alcance da população sedenta por saber, ainda mais diante de tantos benefícios da leitura, a serem elencados.