Enquanto o Brasil chorava a tragédia do voo da Chapecoense, os homens de Brasília exerciam seus podres poderes na calada da noite. Não respeitam a dor e a miséria. Só pensam no butim. São seres sem ética, julgam-se acima da lei e tudo indica que acertam ao apostar nisso.
Nossa democracia é patológica. Não há critério para ser eleitor. Analfabetos e irresponsáveis podem votar. Mesmo um cidadão que não quer pensar é obrigado a escolher. Chegam a montar urnas eletrônicas em presídios para angariar eleitores. Assim, o crime organizado também elege seus bandidos.
Depois da eleição, a massa vai às ruas pedir punição aos próprios representantes que escolheu, implorando aos criminosos eleitos que não retirem de promotores, procuradores e juízes a remota possibilidade de puni-los. Que país é este?
A Constituição de 1988 é pura filosofia sebastianista. O renascimento democrático acreditou no presidencialismo como tábua de salvação. Ao messias previu poderes demais, até foro privilegiado com garantia de escolher quem o acusa e julga. Convenhamos, isso não é estado democrático de direito.
O poder executivo concentra tanto poder, que o legislativo é proibido de apresentar projetos de lei que acarretem gastos estatais ou alterem a estrutura administrativa. Então, não faz sentido termos tantos congressistas, que custam tão caro aos cofres públicos. Cá pra nós, um senador por Estado e duzentos deputados seriam suficiente, pois a maioria que está lá nem valeria o salário mínimo.
Com tantas vagas disponíveis, cada legislador local elege-se, em média, com menos de um por cento dos votos do eleitorado. Isso definitivamente não nos representa e aponta razões para tanta postura contrária aos anseios da população, que está cansada de pagar impostos astronômicos para aparelhamento de falcatruas, torneiras de ouro, tevês públicas entediantes e sem audiência, a farra dos cargos comissionados criados simplesmente para sinecura aos correligionários, e mais um milhão de maus exemplos que não caberiam nem no espaço de uma enciclopédia de dez volumes.
Entretanto, regime de exceção seria ainda pior. O povo não merece e tem razão em apoiar Sérgio Moro, um juiz aprovado em concurso. Precisamos de uma democracia melhor.