No transporte público Brasil afora, relatam os exigentes passageiros serem transportados como animais, notadamente nos horários de pico dos trajetos mais populosos.
Como cidade sintonizada à 'façon de vivre' das grandes metrópoles, Jacareí resolveu também transportar seus munícipes como animais, mas no bom sentido, ou seja, os bichos foram equiparados aos passageiros.
O burgomestre melindrou vereadores, mas está juridicamente correto. Ao particular é franqueado o que a lei não proibir. Assim, desnecessário criar lei municipal para passeios caninos ou felinos de JTU.
Doutra banda, administração pública e suas concessionárias só podem agir se houver norma expressa. Logo, também acertada a medida de regular a matéria por decreto municipal.
A ampliação da acessibilidade à biodiversidade doméstica beneficia os citadinos carentes da periferia, que dependem do transporte público para levar seu melhor e fiel companheiro às consultas veterinárias indispensáveis.
Com a providência, a 'Terra do Biscoito' ergue-se ao estágio civilizatório doutros centros mais desenvolvidos do Brasil e d'alhures. Porto Alegre já oferece o serviço desde 2015, sem intercorrências.
Mistura-se improdutivamente ao clangor dos canífobos o gáudio trepidante dos cinófilos. Na Europa e nos Estados Unidos, não há tanta celeuma. Aplica-se simplesmente a responsabilidade civil e criminal.
No metrô de Berlim, por exemplo, é corriqueiro ver cães na coleira com o dono. Se acontecer algo terrível, este é responsável. Será preso e arcará com os prejuízos causados.
As regras afonsinas foram estipuladas com respeito ao espaço dos que antipatizam com animais - ingresso permitido só a bichos de pequeno porte, silenciosos, vacinados e guardados em caixas de transporte.
A isenção da tarifa tradicionalmente concedida a faixas de consumidores vulneráveis, como deficientes e maiores de 65 anos, não abrange os bichos de estimação que ocuparem assento.
O posicionamento adotado pelo burgomestre é coerente à sua proposta de campanha eleitoral, quando prometeu ser sensível à causa dos amigos peludos. Ampliar a acessibilidade torna a urbe mais humana.
Cães e gatos possuem extintos nômades. Precisam de passeios para preservação de sua saúde física e mental. Quem trata com carinho os animais cumpre os desígnios de Deus, nos ensinou São Francisco de Assis.