As eleições no reino animal são sempre um grande acontecimento, pois congregam os bichos terrestres, alados e aquáticos. A cada quadriênio, um novo presidente é eleito. Tradicionalmente, figuram na lista dos vencedores aves de rapina, cães e porcos. Mudança mesmo só surgiu na penúltima eleição, quando o bicho mais votado proveio das camadas inferiores.
Enquanto a incauta ovelha comemorava o suposto triunfo da justiça social, a hiena riu com bastante desprezo do resultado, conhecia muito bem aquele animal dos abismos oceânicos, a lula. Só que não dos pélagos; de outra profundeza, a das geenas.
O primeiro ato presidencial da lula foi taxar a formiga com ainda mais tributos. Em seguida, nomeou a cigarra sua assessora de eventos esportivos e contratou os três porquinhos para a construção de novos estádios de palha, pagos a preço de tijolos. A quitação da última fatura praticamente rapou os cofres públicos. Os gorilas foram às ruas protestar, mas a lula consultou a mula e decidiu não voltar atrás. A competição prevista foi realizada e a seleção de cabeças-de-bagre perdeu por 7 a 1 na semifinal, um vexame!
Os escândalos começaram a pipocar aqui e ali, porém o mandato estava no fim e a lula anunciou que trazia uma boa candidata para ser sua sucessora. A novel figura parecia mesmo ser uma fera e a lula garantiu que ela defenderia o bem-estar dos animais aguerridamente, como leoa a cuidar de seus filhotes.
Entretanto, infelizmente, não foi isso que se viu. Antes mesmo de ser eleita, a besta-fera mandou comprar uma pedreira na Califórnia que se parecia muito com o mico. Só foi bom para os lobos do governo, que embolsaram o cascalho. A bicharada percebeu que a ferrabrás sucessora da lula só dizia e fazia bobagens. Na realidade, ela era uma anta. Sem embargo, o generoso joão-de-barro presenteou a ex-presidente lula com imóveis. Esta, por sua banda, culpou a jararaca pela crise e sugeriu que esmagassem a cabeça dela. Foi, evidentemente, um bode expiatório revoltante. Final triste? Que nada, leitor. As arapongas anunciam: é chegada a hora de a onça beber água.