O Fórum de Jacareí, hoje em ruínas, foi outrora um monumento relevante ao progresso da cidade. Sua estrutura portentosa de concreto, claramente inspirada no estilo de planificação urbanística funcional, ampla e austera de Le Corbusier, atraía autoridades públicas, advogados, jurisdicionados, simpatizantes cívicos, populares curiosos e até casais em busca de um cenário para boas fotos de casamento.
Em relação aos caminhos, dispunham de várias sendas os viandantes - as laterais desenhavam trilhas permanentes pelo gramado, com direito a descanso embaixo da copa de um flamboyant que não existe mais, criminosamente cortado por uma tentativa de ampliação nunca finda.
O estacionamento no fundo do Fórum não era cercado por grades e dominado pela numerosa torcida dos inocentes até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, como atualmente. Juízes estacionavam de um lado, promotores do outro. Não havia detector de metais. As duas portas eram abertas para passagem (como ainda hoje no paço municipal) e os munícipes alegres ficavam à vontade para cortar dos dois lados.
Com isso, a banca de jornal e revista do Fórum era a maior potência cultural da cidade e arauto primeiro dos bafejos civilizatórios que de tempos em tempos perfumam a antiga sesmaria de Antônio Afonso. Parafraseando as felizes palavras de um sábio, ao lado de um prestigioso Fórum há sempre uma grande dama, a banca.
Era assim em Rio Preto, era assim em Rio Claro, em Rio Pardo e por qualquer município paulista com rio. Em Jacareí, passando o corpo d'água pelo meio da cidade, não seria diferente. Mas o tempo também passou e tudo piorou: as Cortes estaduais são fantasmas cercados que assombram os transeuntes e as bancas anexas que ainda resistem minguam vazias de publicações. Agonizam afiando alicates de unha e a vender adesivos automotivos de reforço à fé em Deus e capas para celular.
No ano passado, em frente à Banca do Fórum, caiu um tronco da árvore bem no ajuizado cocuruto de um potencial cliente. A vítima correu sério risco, pois precisou ser socorrida na Santa Casa local. Está comprovado, o destino conspira irremediavelmente contra o moribundo quiosque.