O Brasil anda em círculos. Progresso e retrocesso sucedem-se sequencialmente em todas as áreas. Em Jacareí, a pasta municipal da saúde melhorou bastante após o burgomestre destronar a dinastia do proletariado e trocar meros palpiteiros de plantão por verdadeiras doutoras de plantão. Entretanto, eis que ronda o fantasma da febre amarela, a ameaçar a transitória alegria do pobre no SUS.
Trata-se de doença perigosíssima. Prolifera em ambiente urbano ou selvagem. Matou mais de 260 brasileiros apenas nos últimos nove meses. Os sintomas ambíguos confundem-na com uma plêiade doutras moléstias e o diagnóstico tardio pode ser inócuo.
Na Mata Atlântica vizinha a Jacareí, a febre amarela dizima macacos. Para evitar contágio à população humana, a prefeitura da Capital fechou o acesso ao Horto Florestal e aos parques da Cantareira e Anhanguera. Há registros recentes de morte de símios em Jundiaí, saguis em Atibaia, bugios em Bragança e carlequins em Gonçalves.
As autoridades sanitárias joseenses estão atentas à marcha epidêmica e oferecem antídoto em todas as unidades básicas de saúde da cidade. Em proporção mais modesta, a municipalidade afonsina, que também não dorme no ponto, vacina os súditos no Centro de Saúde, de segunda a sexta-feira, das sete às dezessete horas. O endereço é Rua Purus, 79.
Para a Organização Mundial de Saúde, a vacinação é vitalícia. Quem tomou uma vez não precisa de reforço. Já as autoridades brasileiras, preocupadas com as ciladas dos trópicos, recomendam uma segunda dose após a primeira década de validade. Certeza mesmo é não existir mais perfil de risco, em qualquer localidade a pessoa está sujeita a contrair febre amarela.
A prevenção depende basicamente da medicação apontada. Como alternativa, a propaganda estatal recomenda combater o mosquito transmissor na selva de pedra, o dengoso (Aedes aegypti). Porém, sabe-se que exterminar inseto em vasto continente tropical é tarefa hercúlea, para não dizer impossível. Vale mais pelos benefícios gerais da limpeza, cá entre nós.
Esperam-se atuação cuidadosa, monitoramento atento, planejamento estatístico, estudo epidemiológico e atitude necessária por parte de nossas autoridades sanitárias. Os habitantes de Jacareí confiam nelas e não merecem morrer desamparados como primatas silvícolas.