A sabatina do Diário de Jacareí com os pretendentes a tomar assento na curul máxima afonsina prosseguiu em ordem alfabética com a única candidata entre os onze que formam o timaço da cidadania.
Referida senhora é professora, mora há 30 anos na cidade e tem catorze irmãos. Pretende taxar grandes fortunas para construir um hospital municipal e se pronuncia como representante dos desfavorecidos.
Além disso, prometeu acabar com os funcionários nomeados sem concurso público e submeter os comissionamentos a eleição direta do funcionalismo municipal.
A veia democrática da entrevistada saltou à pele quando o assunto foi aborto. A sabatinada é contra. Entretanto, construirá a Clínica do Aborto, a fim de auxiliar gestantes infelizes, nos casos legalmente previstos.
A pleiteante eleitoral deu ênfase à situação de vulnerabilidade histórica das amazonas e deu fortes indicativos de que agirá para reverter essa desigualdade, no quadriênio que se avizinha, se eleita for.
Para exemplificar sua tese de preterição feminina no contexto mundial, a pronunciante mencionou que na antevéspera uma mulher foi laureada pela primeira vez com o prêmio Nobel de Química.
Contudo, a notícia a que se referiu é de teor diverso. O ineditismo vem do triunfo feminino em dupla - Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna. A candidata leu a manchete talvez de relance e entendeu errado.
Mulher receber Nobel de Química é corriqueiro. Marie Curie ganhou o seu em 1911. Ela é a única pessoa que conquistou o cobiçado prêmio em categorias científicas distintas (em 1903, recebera o de Física).
As integrantes dessa família foram verdadeiros prodígios. Também sua filha Irene tem o dela, conferido em 1935 pela invenção da radioatividade artificial.
Marie Curie foi empregada doméstica, passou frio e fome em Paris. Recusou patentear a descoberta de precioso elemento químico, generosidade que salvou milhões de vidas.
Discriminaram a cientista à época por seu comportamento liberal. Um século depois, a radioterapia ainda permanece o tratamento mais utilizado e eficaz contra o câncer.
Morreu de tanto trabalhar, contaminada pela radioatividade. Mesmo não sendo francesa nata, seus restos mortais foram depositados no Panteão dos Heróis da Pátria, na Cidade Luz.