Como se não bastasse, veio o ensino em tempo integral, e as perspectivas de sucesso mostraram-se mais desanimadoras.
O Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) detectou nos anos de 2019 e 2021, queda de qualidade na alfabetização das crianças. Em 2019, a capacidade média de aprendizado foi de 750 pontos; em 2021 esse nível foi menor que 725. Ainda em 2019, 54,8% dos alunos foram considerados alfabetizados, mas em 2021, o percentual caiu para 49,4%. Em 2019, em 8 estados do país, 50% ou mais dos estudantes do 2º ano estavam alfabetizados no final do ano letivo. Em 2021, esse patamar só foi alcançado em Santa Catarina.A violação do direto da alfabetização, revelada nesses números, produz impactos preocupantes, pois além de afetar diretamente a continuidade do desenvolvimento escolar, dificultam a evolução bem sucedida dos alunos. Como se não bastasse, veio o ensino em tempo integral nas escolas estaduais, e as perspectivas de sucesso mostraram-se mais desanimadoras.
Entrar às 7h na escola e sair às 17h exige esforço extra a alunos e professores. Àqueles pelo deslocamento diário forçado no pior horário em termos de desconforto, em conduções lotadas e nada condizentes com o necessário à mínima tranquilidade para estudar; para os professores, por terem reduzido – muitos a zero – qualquer tempo livre para outras atividades ou lazer.
Daí, o abandono escolar causado por desinteressantes permanências em classe (há escolas com período integral de 16 aulas diárias) só irá crescer e 'tirar o entusiasmo dos jovens de seguir em frente', dizem os professores, revoltados com a nova jornada.
E tem mais: alunos também executam atribuições extras periódicas, como dar aulas extracurriculares aos colegas uma vez por semana. Mais ainda: reuniões para os preparativos de tais atribuições, têm preferência caso coincidam com horários das aulas regulares. Assim, o estudante que perde a aula curricular terá de virar-se para recuperá-la depois. Por fim, as greves de professores que certamente serão geradas por essa 'novidade' poderão tornar a situação quase insuportável.
É a nossa opinião.