'Pandemia' da (des)informação
Em uma denúncia, dar o mesmo espaço para as partes envolvidas se pronunciarem é um 'ato de fé' exigido do repórter.
Era uma vez – nos anos 1960 – a rede de emissoras da TV Excelsior, com sede em São Paulo, filial no Rio de Janeiro, que em pouco tempo tornou-se a mais importante do gênero no país. Pertencia ao empresário Mário Wallace Simonsen, fabricante dos televisores 'All Aces' e sócio majoritário da empresa aérea Panair do Brasil.
Tudo ia bem até que uma confusão política levou à ascensão dos militares ao poder. Grande parte da imprensa manteve-se a favor dos vencedores, menos o grupo Excelsior que se solidarizou com a oposição. Isto custou 'os canhões voltados contra si', a derrocada financeira e o consequente encerramento das suas atividades.
As normas da imprensa – jornais, rádio e televisão – de todos os tempos recomendam a total neutralidade, principalmente a política, em suas atividades, para que a informação seja mais próxima da realidade dos fatos. Veículos como os cariocas O Globo, O Dia, e os paulistas O Estado, Folha de São Paulo, publicam (ou publicaram) seus próprios manuais de redação ditando os procedimentos profissionais no 'sagrado' trabalho de informar corretamente o leitor.
Em uma denúncia, dar o mesmo espaço para as partes envolvidas se pronunciarem é um 'ato de fé' exigido do repórter, que tem contato direto com a notícia, ao chefe da redação que gerencia o publicado. Basta ler qualquer desses manuais à venda em livrarias, bancas ou à disposição nas boas bibliotecas públicas, e conferir.
Estamos passando por um momento em que os valores sociais são a todo instante postos à prova. Quem duvidar, que procure a prática do tão apregoado 'estado democrático de direito'... ou avalie o tal 'sistema de freios e contrapesos' (outra frase da moda...) com uma simples consulta num desses manuais. Compare tais regras com o que vê atualmente em alguns jornais, TVs, rádios e sites de internet. Simples.
Ou, a partir de agora, acompanhe o dia a dia desses veículos nesta verdadeira 'pandemia informativa' e tire suas conclusões.
É a nossa opinião.
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