O império do grito
Existe esperança de a empresa produzir outros modelos em Jacareí após o prazo acordado, segundo o presidente da Câmara.
Depois de negociação tensa, com toques de pirotecnia que incluíram 'invasão' do plenário da Câmara Municipal e outras ações pouco vistas ultimamente, Caoa Cherry e trabalhadores chegaram a um acerto depois de muita gritaria: as cerca de 500 demissões que aconteceriam na fábrica de Jacareí pela mudança na linha de produção dos automóveis, anunciadas no início do mês, foram suspensas até o final do ano. Bateu-se o martelo na quarta-feira (11) com acordo que mantém empregos, salários e benefícios até janeiro de 2023.
Existe esperança de a empresa produzir outros modelos em Jacareí após o prazo acordado, segundo Paulinho dos Condutores (PL), presidente da Câmara.
O comportamento dos envolvidos mostra-nos a respectiva resistência emocional das partes na realidade atual. Que – parece – não mudou muito diante da experiência desagradável pela qual sofremos nos últimos dois anos com pandemia, reforço do império da corrupção, guerra e a eficiência de se resolver as coisas no grito.
A região do Vale do Paraíba – convém repetir – perdeu a grande chance de ser pioneira em mudança política de base. Nas eleições municipais de 2020 em Caçapava, por exemplo, os eleitores mudaram todos os membros da prefeitura e Câmara. Sonho. Ao invés dos vitoriosos fortalecerem-se na tentativa de formar um grupo exemplar – ao menos em respeito a seus eleitores, o que se vê são os mesmos problemas de gestões anteriores, com manobras para privilegiar concorrências públicas; atos polêmicos que colocam funcionários do Executivo contra os do Legislativo em questões salariais etc. e – claro – abandono do munícipe à própria sorte.
Tudo isto, crescido do modismo nada recomendável de um vereador 'apalpar' o rosto da colega vereadora em plena sessão ordinária para censurá-la de algo dito por ela da tribuna, que ele não gostou. Ah, houve sim uma inovação: ao votarem a abertura ou não de processo que pode cassar o mandato do abusador, a outra das duas únicas vereadoras da casa, votou contra. Vai entender?!
É a nossa opinião.
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