‘Cara de paisagem’
Numa sessão surpreendente, opositores tradicionais ficaram contra a punição, e um deles absteve-se
Em meio à gritaria que está se tornando rotineira nas galerias, a Câmara Municipal arquivou, na quarta-feira (27), pedido de cassação do prefeito Izaias Santana (PSDB). Foram 10 votos contrários, uma abstenção do vereador Fernando da Ótica (PSC) e um voto esquisito do vereador Valmir do Parque Meia-Lua (DC). Numa sessão surpreendente, opositores tradicionais ficaram contra a punição, e um deles absteve-se (veja matéria nesta edição).
O triste foi a presença de um grupo, dito de professores, que berrava o tempo todo na tentativa de obstruir os trabalhos. Tanto Izaias, em sua defesa, quanto os vereadores, principalmente durante a votação, tiveram dificuldade de expressão. O presidente, Abner Madureira (PL), que poderia impor respeito e apelar para a segurança da Casa, limitou-se a ignorar o fato, como se aquela gritaria não estivesse acontecendo. Foram 35 minutos de baderna ensurdecedora completamente ignorados. Um recorde. Provavelmente fosse desejo dos manifestantes que a sessão fosse mesmo interrompida, e o presidente percebendo deixou quieto: ao menos inibiu que a prática vire moda.
O prefeito aproveitou: disse que faz o que deve ser feito e governa visando 'a dignidade humana a serviço do homem, e no dia em que não puder ser assim estarei fora'. Em meio aos berros das galerias, cada vereador justificou o voto nessa linha.
Valmir, um dos últimos a votar, disse qualquer coisa como 'sou contra a cassação, mas a favor da abertura do processo'. Parte da turba aplaudiu e outra parte vaiou, sinal de não ter ficado clara a justificativa. Para tirar a dúvida, Valmir teve de repetir o que dissera, mas sob os berros continuaram prejudicadas a pergunta e a nova resposta. O voto foi registrado como 'sim', pois, naquela altura tanto fazia. Questionado depois, Valmir teria dito que se atrapalhou, mas, definitivamente não deixou clara sua opinião. Fez cara de paisagem.
É a nossa opinião.
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