Os livros de História, notadamente os escolares, narram a evolução dos tempos como uma sucessão de datas importantes para o desenvolvimento político, social, cultural e econômico.

Entretanto, o homem médio tem muita dificuldade em identificar um acontecimento histórico relevante, quando contemporâneo à data que futuramente preencherá os compêndios ginasiais.

Os 'boomers' podem citar como marcantes alguns acontecimentos históricos que vivenciou em sua existência: a morte do primeiro Presidente do Brasil redemocratizado (1985), os dois impeachments (1992 e 2016), a queda do Muro de Berlim (1989), o atentado das Torres Gêmeas (2001) e as prisões do Oito de Janeiro (2023).

Talvez haja outros, mas realmente é necessário ter bom discernimento para avaliar o que será relevante daqui a algumas décadas. Nem mesmo os historiadores brasileiros possuem esse dom, e exemplo disso é a importância secundária com que é mencionado o nome de Pinheiro Machado, ao se tratar da República Velha.

De todas as eleições nacionais, o mais folclórico gesto registrado foi de Jânio Quadros, ao desinfetar a cadeira de Prefeito, quando tomou posse em São Paulo, em meados da década de 1980. Foi, não é mais, já que superado de longe pelo que ocorreu este ano, na mesma cidade.

Ao exorcizar com uma carteira de trabalho seu adversário playboy invasor de propriedades, o guru do autodesenvolvimento malogrado entrou para a História e escreveu página marcante na política tupiniquim.

Foi o pleito mais espetacular de todos os tempos. Nem o mais criativo escritor de novelas seria capaz de criar tanto barraco. Teve cadeirada ao vivo em rede nacional, desmascaramento de candidata fofinha, boné da moda e contagem de três números formando letra.

E, como cereja na cobertura do bolo, o grande desfecho não poderia ser mais surpreendente que o atestado falso que desmoralizou o desmoralizador.

Deu no que deu, mais uma reviravolta impressionante: a Prefeitura caiu no colo da nova versão do Picolé de Chuchu, candidatura até então desacreditada.