– De onde você é?!

– Jacareí.

– Ah! A terra do biscoito!

Este diálogo é repetido com frequência desde a primeira metade do século passado até hoje, quando os tradicionais 'Biscoutos Jacarehy' já saíram quantitativamente de cena. Durante aquele período, entretanto, se alguém se deslocasse de São Paulo para o Rio de Janeiro – primeiro de trem, depois de ônibus na velha 'jardineira' – havia sempre quem pedisse, ao se despedir do viajante:

– Na volta, não se esqueça de trazer biscoitos de Jacareí para mim!

Como a estação do trem era parada técnica de tempo maior, e inaugurada a Via Dutra (1951) havia barracas com o produto no trecho de Jacareí, o produto logo se popularizou.

Um filme lançado na última quinta-feira (28) imortaliza essa rotina de saudosa memória. Os biscoitos levaram e mantêm o nome da cidade por todo o país, inclusive para o exterior. A iniciativa é da Filha Brilhante, Gláucia Faria, que dirige seu primeiro 'média metragem' (36 minutos) de sua carreira de cineasta. Ela é formada em cinema pela Universidade Metodista de São Paulo.

'Capital dos Biscoutos – Um filme com sabor de saudade' usa o tema como forma de compilar memorias jacareienses, das quais a iguaria histórica tem papel relevante. É o primeiro trabalho do gênero que Gláucia executa nesse formato. Tanto, que teve aprovação oficial por intermédio da LIC (Lei de Incentivo à Cultura) da Fundação Cultural de Jacareí.

A ideia de desenvolver o tema surgiu quando, ao procurar novos projetos, ela foi apresentada ao pai de uma amiga de mais de 30 anos que trabalhara na antiga fábrica de biscoitos. A produção envolveu 13 profissionais sob sua direção, dentre pesquisadores, câmeras roteiristas e outros. Ela está certa da aceitação do filme por parte do público, pois, embora baseado na história dos biscoutos, o trabalho fala muito da cidade de Jacareí.

A primeira apresentação de 'Capital dos Biscoutos' na noite de quinta-feira na Sala Mário Lago, contou com a presença do prefeito Izaias Santana.