Uma das mais bonitas histórias do cotidiano de Jacareí aconteceu na segunda metade do século passado, e bem retrata o perfil de nossa gente. Pelo menos a daquela época. Foi quando aconteceu um incêndio na Igreja Adventista do Sétimo Dia, de tal magnitude, que deixou os adventistas sem possibilidades de realizar seus cultos. De imediato, o então pároco católico, Antônio Borges, obteve autorização do bispo para ceder a igreja de São João Batista para que os adventistas nela realizassem praticas religiosas até que a reforma de sua igreja tivesse condições de abrigá-los de volta.

Infelizmente, iniciativas desse tipo são praticamente impensáveis nos dias atuais, apesar de todo 'espírito de modernidade' que atribuímos a nós mesmos. E não estamos nos referindo somente a Jacareí; o mundo é assim. Haja vista as guerras que nos constrangem, a polarização política que desnuda uma incompreensível dicotomia da maneira como encaramos o cotidiano – demonizando quem não 'reza segundo a mesma cartilha ideológica' – e tantos outros procedimentos que despertam o pior de cada praticante.

Há uma crítica absurda à concessão do 'Prêmio Cristão Multishow', por exemplo, concedido ao músico Caetano Veloso pelo fato dele (segundo seus críticos) 'ser ateu' (!). Da cantora Ludmila ter se esquecido da letra do Hino Nacional Brasileiro, o que de fato é lamentável, mas não motivo para humilhá-la e escarnecê-la como vem acontecendo.

Para não dizer que perdemos de todo o 'glamour' do espírito de tolerância vivencial, tivemos esta semana o anúncio das apresentações de um 'Concerto de Músicas Adventistas' na capela católica do Sagrado Coração de Jesus, em São José dos Campos, o que pode ser prenúncio de uma volta à razão humana.

Verdade é, entretanto, que pesquisadores de Jacareí, desejosos de levantar a história do citado incêndio da igreja adventista local, há cerca de um ano vêm tentando, sem sucesso, obter detalhes sobre o assunto. Torcemos para que seja apenas problemas de agenda.

É a nossa opinião.