Por Redação em Sábado, 25 Junho 2022
Categoria: Editorial

Horrível, mas bem-vinda

Possuímos a maior rede pessoal de telefones, e não falamos com o vizinho da casa ou apartamento ao lado.  

Temos um problema nacional: conseguimos viver bem juntos, desde que estejamos separados. Seria cansativo tentar explicar esta afirmativa que, suponho, você já saiba de cor e praticado, mas para quem eventualmente a tenha esquecido, alguns lembretes:

Possuímos a maior rede pessoal de telefones, e não falamos com o vizinho da casa ou apartamento ao lado; possuímos o mesmo idioma, do Oiapoque ao Chuí, porém a maioria somos ruins de entender exatamente o que falamos, 'tá ligado?'; o petróleo é nosso, mas estamos longe de usufruir disto, principalmente tendo carro, e por aí vai...

Riquemos no assunto 'carro', mesmo sem tê-lo (o carro) a maioria. É incrível alguém morar na terra do biscouto mais afamado (conhecido no país inteiro e até fora) e não poder consumi-lo internamente (não fabricam mais). Aliás, a 'lata azul' faz mais sucesso hoje que o produto que ela embalara nos áureos tempos.

Em termos de Jacareí, nem tudo está perdido (ainda), mas também não parece fácil. Numa tumultuada relação trabalhista, a unidade local da Caoa Chery, fabricante chinesa de automóveis, recentemente desativou a produção e demitiu cerca de 500 empregados. A empresa, que pretende ser 'a maior fabricante do mundo de carros elétricos', não vai produzir tais veículos no Brasil pelo menos até 2025. Significa que a chance que temos, de ser parte dessa boa nova, é de 50%, já que a Caoa tem outra unidade fabril brasileira em Anápolis (GO), que poderá ficar com tudo.

É hora, portanto, de as pessoas realmente interessadas no progresso da cidade, não perderem de vista o andamento dessa novidade que pode – se trabalharem unidas – tornar Jacareí o mais avançado, se não o maior, fabricante de automóveis elétricos do país…

A empresa anunciou isso, e não mais demitir, quando prometeu o recente cancelamento de 500 demissões. Não cumpriu. Se hoje lembramos saudosos os biscoutos de outrora; unamo-nos para nos tornar, para sempre, a terra dos 'autoumóveis'! Palavra horrível, mas bem-vinda.

É a nossa opinião. 

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