Quando, em 2012, a funcionária municipal Simone Nascimento Toledo, recém-formada em Serviço Social, foi designada para trabalhar como técnica de assistência social na 'Casa da Passagem de Jacareí' teve receio do que lhe poderia acontecer no dia a dia com moradores em situação de rua. Sabia que lidar com muitos deles sem documentos de identificação, outros de origem desconhecida, ou com problemas psicológicos variados não seria fácil. Havia os migrantes, muitos sem documentos ou envolvidos com drogas, além daqueles que simplesmente queriam permanecer nas ruas e recusariam atendimento sem qualquer motivo declarado, enfim, seriam inúmeros outros problemas humanos que o tempo todo teria de encarar. Pedir a Deus que a ajudasse a desempenhar a missão, foi a primeira coisa que lhe ocorreu.

Mesmo assim encarou a empreitada. Já nos primeiros dias teve de lidar com uma andante que afirmava ter vindo 'de outra galáxia', o que lhe impedia fornecer detalhes exatos quanto sua origem; era 'alto segredo'. Ao contrário do que Simone imaginava, os contatos com o sofrimento desses desamparados pela sorte mais a comovia que assustava. Aos poucos, com muito jeito e com o trabalho dedicado da equipe, aproveitou-se os poucos momentos de lucidez da caminhante e conseguiu-se o contato com um filho que havia muito a procurava. A alegria dela e do rapaz foram tão marcantes que Simone não teve dúvidas de que havia escolhido o caminho certo em sua vida profissional.

Hoje, dez anos depois, com a Casa de Passagem sob sua responsabilidade, ela festeja o êxito obtido em tantas histórias de sucesso nesse trabalho de inclusão social. Êxito que ela divide com as equipes formadoras do corpo da assistência às pessoas em situação de rua em Jacareí: o pessoal da abordagem ('os olhos desse corpo); a Casa de Passagem ('o coração) e o Centro Pop ('a cabeça'). 'Cada vitória de um assistido é uma vitória de todos nós', afirma Simone, confidenciando que hoje agradece a Deus por ter-lhe confiado essa missão de vida.