A professora Leila Cristina Prezzoto Romano tem uma linda história de vida que, ao conta-la, emociona-se. Dá aulas na EJA (Educação de Jovens e Adultos) movida pela gratidão e vontade que seus alunos sigam com garra o que os impulsionou a estudar tardiamente. Isto será bom para eles, mas tem outro grande valor, pois servirá de incentivo para milhares de outros que não tiveram oportunidade de aprender no tempo – digamos – normal, e estejam inibidos de reverter a situação que hoje enfrentam.

Leila morava em São Paulo quando começou a estudar ainda menina. Cursou até a 5ª série do ensino fundamental. Filha de pais separados, criada com a avó, foi obrigada a abandonar a escola para ajudar no sustento da casa. Fato que acontece até hoje com milhares de jovens no país. Nesta situação, o recomeço fica muito dificultado em razão da luta diária, falta de oportunidades e – pasme – pela crítica que muitas pessoas fazem a quem quer recomeçar a instruir-se em idade mais avançada.

Nada disso, entretanto, a impediu. Ser professora era um sonho sólido de uma vida, para o qual pressa ou opinião alheia não foram impedimento. Casada, mãe de três filhos, a avó já falecida (aqui, ao falar, tem a voz embargada pela emoção) e incentivada pelo marido matriculou-se na EJA, ainda na Capital, e concluiu o ensino médio. Em seguida, mudou-se para Jacareí. Fez curso superior na Faculdade Anhanguera e – enfim – formou-se professora.

'Eu sabia por experiência o quanto é socialmente importante esse curso para milhares, como o foi para mim', afirma. Por isto, optou por dar aulas a adultos em Jacareí, mesmo depois de ter feito isto para uma classe do 2º fundamental para crianças, antes de abrir vaga na EJA.

Querida pelos alunos (teve caso de desistência quando ela deixou uma das classes) hoje ela tem um grupo plenamente afinado com o trabalho que ela exerce. 'Tenho certeza de que muitos alimentam o mesmo sonho, e quero incentivá-los a prosseguir' – conclui.