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Museu do Ipiranga

Museu do Ipiranga

O turista nem sequer precisa agendar para garantir entrada, dá tranquilamente para comprar ingresso direto na portaria.

Sossegou o fluxo inicial intenso de visitantes ao finalmente reinaugurado Museu Paulista, mais conhecido como do Ipiranga. O turista nem sequer precisa agendar para garantir entrada, dá tranquilamente para comprar ingresso direto na portaria.

Mas o que dizer de obra tão lenta e cara? No máximo, que por fora a viola ficou bela. Sai-se da visitação com ar decepcionado. A entrada principal majestosa foi trocada pelas modernidades de frio porão industrial.

O saguão de entrada comportaria, no mínimo, um café de estrutura e qualidade equivalentes ao da cobertura do Farol Santander, mas prevalece o vazio, entrecortado apenas por uma improvisada banquinha mequetrefe de livros de qualidade duvidosa de interpretação histórica controversa.

Os quadros magníficos do Império, que antigamente se distribuíam pelas salas laterais do térreo, foram confinados ao salão principal do andar superior. Embora continuem a notória e exclusiva atração de visitantes ao interior do prédio, nem sequer mereceram contextualização escrita.

Junto aos acessos principais, ou seja, próximos à imponente escadaria, constam recursos multimídia dedicados ao reforço do bombardeio escolar marxista a que são submetidos os alunos da base nacional comum curricular. Resumindo: muita lacração e uma pitadinha de desinformação.

Ao restante, o acervo histórico referente ao período imperial e às cinco superadas (e sempre malfadadas) repúblicas brasileiras foi simplesmente (assim se espera com rematado otimismo) varrido para a reserva técnica. No lugar, passaram a figurar os eletrodomésticos da falecida Dona Maria.

Isso mesmo, caro leitor, o Museu do Ipiranga foi transformado em palco das memórias do trabalhador, do operário, das extintas donas de casa, do cidadão anônimo, o ser humano comum. Entre os ferros de passar com brasa, há até latas enferrujadas de biscoitos de fábricas extintas.

É bem verdade que também há espaço para instalação do Museu da Mediocridade, mas seu lugar cativo no coração do povo paulista não é às margens do Ipiranga. Ademais, entre latas velhas, falta a principal: o Biscoito de Jacareí! 

 

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Sábado, 04 Mai 2024

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