Ensaio sobre a gratidão
O embate entre tricolores carioca e paulista acabou com vitória anfitriã de virada, após muito suor e genialidade de lado a lado.
No início da semana que passou, o Campeonato Brasileiro de Futebol Masculino ostentou uma partida de inegável brilho e tradição, qual seja, o prélio São Paulo x Fluminense, na capital paulista, no estádio que levava o nome de bairro, mas que atualmente faz trocadilho com apetitoso biscoito de chocolate.
O embate entre tricolores carioca e paulista acabou com vitória anfitriã de virada, após muito suor, jogadas ríspidas e eletrizantes lances de perigo e genialidade de lado a lado. Porém, o que mais se evidenciou sob os holofotes foi o conflito verbal entre o técnico fluminense Fernando Diniz e o homem de frente são-paulino Luciano.
A discussão involui civilizadamente para palavrões e expressões de baixo calão, para perplexidade dos artistas e plateia presentes ao evento. Só não foram os debatedores às vias de fato porque a turma do 'deixa disso' entrou em cena e os separou a tempo.
O motivo do entrevero foi banal, a cobrança afoita de lateral sem desportividade para atendimento médico, por fundada dúvida de simulação da suposta vítima. A par dos constantes episódios de destempero de Diniz, esperava-se mais dele como dirigente técnico gabaritado por recente e marcante passagem pelo escrete canarinho.
O técnico deu-se a xingar o jogador adversário, o que a este causou fundada repulsa moral, externalizada em repetitivo questionamento sobre a sanidade mental daquele que, por sua vez, reagiu de forma exacerbada, com desmanche de amizade antiga e desagravos de ingratidão.
Segundo vasculhou no pretérito a crítica esportiva especializada, aonde Diniz foi como treinador, Luciano a seu pedido foi contratado para reforço de elenco e destaque nos gramados nacionais. Como explicou ao final dos 90 minutos o zagueiro equatoriano Robert, a relação era paternal.
Não se justifica. Luciano vestiu a camisa e contribuiu para o sucesso de Fernando. Favor pago com serviços corretamente prestados. Mãos reciprocamente lavadas. Mais uma vez, Diniz deve esfriar a cuca e apresentar desculpas ao ofendido.
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