A morte do roteirista Robert Towne (nome artístico de Robert Bertram Schwartz), dia 1º de julho, aos 89 anos, fecha uma das lendárias cortinas do cinema. Foi dos profissionais expoentes das décadas de 1960-70, da fase 'Nova Hollywood', cujos escritos modernizaram a maneira de confeccionar roteiros, e depois se readaptou aos 'novos tempos', emendando 3 sucessos derradeiros: 'Segredos do Coração' (1994, último trabalho da inesquecível Katherine Hepburn) e 'Missão Impossível' I-II (1996-2OOO), com Tom Cruise. 'Bonnie & Clyde: Uma Rajada de Balas' (1967), 'A Última Missão' (1973) e, principalmente, 'Chinatown' (1975), pelo qual ganhou o Oscar, renderam a Towne o status de estrela.

Não era pessoa fácil. Envolveu-se em confusões em obras por discordar de pontos do script ou escalação de elenco. Há filmes onde o seu nome não consta nos créditos – caso de, pasme, 'O Poderoso Chefão' (1972). 'Chinatown', que ano que vem completará 5O anos do lançamento, até hoje é considerado um dos melhores, se não o melhor, roteiro da história do cinema – apontado por escolas especializadas e críticos.

Seus diálogos ácidos, recheados de ironia e perspicácia, além da trama ousada, fizeram da fita 'hors concours' no quesito. As interpretações espetaculares de Jack Nicholson, John Huston e Faye Dunaway contribuíram a fazer do filme um totem representativo das telonas.

Ao receber a estatueta, Towne, que ostentou até o fim as vastas cabeleira e barba, não esqueceu dos colegas. Discursou: "Se você participou de um filme que não deu certo, sabe o quanto deve às pessoas quando dá certo. Reitero minha gratidão a todos que trabalharam neste: Faye, Roman [Polanski, o diretor], especialmente Robert Ewans [produtor – 'Chinatown' foi a primeira película feita de forma independente], que nos uniu, e a Jack [Nicholson], que é realmente mágico." Teve ascendência romena por parte de mãe, russa por parte de pai, que tinha loja de roupas femininas chamada Towne Smart Shop, posteriormente mudando o nome da família para Towne.