Meryl Streep, Tommy Lee Jones e Steve Carrell seguram magistralmente o filme 'Um Divã para Dois' (2012), escondido na Netflix. O diretor David Frankel ('Marley & Eu', 2007) retomava, após 6 anos, parceria com a atriz, a quem comandou em 'O Diabo Veste Prada', e deu muito certo. O roteiro de Vanessa Taylor ('Era uma Vez um Sonho', 2020, tema desta coluna nas próximas semanas) mostra Kay (Streep) e Arnold (Jones) indo, por iniciativa dela, fazer terapia de casal com o psicólogo Feld (Carrell).

Casados há 31 anos, com filhos crescidos, a dona de casa observa que a relação com o marido simplesmente se desmilinguiu. A rotina amassou tudo o que podia e o dia a dia se resume a programas insossos sobre golfe, ovos com bacon no café da manhã e noites em quartos separados. Quando Kay resolve pagar 4 mil dólares por uma semana de terapia, Arnold reluta, reclama, mas acaba indo com ela (os encontros são do outro lado do país).

Os primeiros dias são tensos – ele quer estragar tudo com comentários irônicos e maldosos. Na medida em que o tempo passa, por mais estressante e inibidor que seja responder a determinadas perguntas, a dupla começa a se entender, graças aos exercícios e métodos indicados por Feld. Chavões à parte, o esquema tem desempenho satisfatório.

Ao espectador pode soar estranho conectar Carrell a um papel sério – eu, por vários momentos, fiquei aguardando o seu personagem fazer qualquer piadinha sem graça, de duplo sentido – e ele entrega, sem vacilar, bom serviço ao público. Na época do lançamento, muitos críticos apostaram que as interpretações de Streep e Jones (principalmente ele, famoso pelas atuações como policial durão, frio) os levaria a indicações ao Oscar. Tolo engano. Com o passar do tempo, a obra, mesmo demonstrando ter certa qualidade por explorar preconceitos relacionados à sexualidade, ficou largada num canto, esperando que alguém a resgatasse. Duração: 99 minutos. Cotação: bom.