50º e último
O longa foi rodado num período complicado, arrastado, a Allen, acusado por Mia Farrow, ex-esposa, de molestar a enteada, em 1992.
'Golpe de Sorte em Paris' (2023, Prime), quinquagésimo longa-metragem dirigido por Woody Allen (em 1º de dezembro completará 9O anos), mostra o cineasta gastando as derradeiras balas, com energia. De lá para cá não pensou mais em outro projeto de cinema. Desde 1966, com 'O que há, Tigresa?', primeira experiência como comandante, Allen costumava lançar uma fita por ano. Em seu currículo há outros 7 trabalhos de direção, entre filmes à TV e curtas.
'Golpe de Sorte em Paris' tem as nuances prediletas do artista: pequenos segredos, ideias desesperadoras, personalidades caóticas, reflexão acerca dos valores do cotidiano e belas mulheres. Na trama, Fanny reencontra, por acaso, Alain, ex-colega da escola, hoje aspirante a escritor. De cara, o rapaz se declara, admitindo que estava à sua procura, que desde o colégio ficava de olho nela, que fica tocada. A moça, casada com Jean, tem vida nababesca: enorme apartamento, luxos, festas, viagens. A conexão entre Fanny e Alain é arrebatadora. Não demoram e engatam um caso. Nasceram um ao outro. Será mesmo? Ela sai mais vezes do trabalho, fica horas 'no almoço'. O marido percebe sutis alterações no comportamento dela. Põe um detetive a persegui-la.
O longa foi rodado num período complicado, arrastado, a Allen, acusado mentirosamente por Mia Farrow, ex-esposa, de molestar a enteada quando a criança tinha 7 anos, em 1992. Nada foi provado. A imprensa, sadicamente, o enterrou vivo. Produtoras, atores e atrizes lhe fecharam as portas, principalmente ao estourar o hipócrita movimento 'MeToo'. Ele teve de se virar.
Seguiu magistralmente a trajetória, ganhando Oscars inclusive, enquanto se defendia, como boxeador acuado nas cordas. 'Golpe de Sorte em Paris', provavelmente última empreitada como diretor, exibe o cineasta e seu legado, sem sucessores a altura. Sob sua batuta, ressaltou-se, veja que curioso, o poder da mulher (bonita) sobre o homem (bobo), algo venerado pelas feministas, que não defendem mulheres e sim a esquerda. Duração: 96 minutos. Cotação: bom.
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