Apesar de sermos o 'país do carnaval' este ano estaremos privados do carnaval no Carnaval. Gramáticos recomendam escrever carnaval com minúscula, enquanto a diplomacia linguística recomenda 'C' maiúsculo quando destacar o termo, como em Páscoa e Natal. Estas duas são grafadas em maiúsculas por serem datas santas, enquanto carnaval é 'data do capeta', dizem os ortodoxos.

Você está surpreso por tratarmos deste assunto, mas é o retrato de como vivemos o brasil (Opa! Aqui vai maiúscula), o Brasil hoje dividido em dois: direita e esquerda, masculino e feminino, conservador e liberal, Bolsonaro e Lula (usamos ordem alfabética!) etc... Restam-nos os primeiros lampejos positivos:

O Congresso aprovou a independência do Banco Central que tira controle das taxas de juros e emissão de moeda das mãos da política interesseira; já está a caminho da elaboração o orçamento de 2021, que deveria ter sido aprovado no final do ano passado; São Paulo já vacinou mais de 1,2 milhão contra a Covid-19 e as aulas presenciais voltaram, timidamente, mas voltaram.

Tudo em meio ao 'carnaval' que nos assola desde o Carnaval passado. Uma lei que prevê prisão a quem furar a fila de vacinação foi aprovada 'a toque de caixa' depois da constatação de que mais de 3 mil furaram a fila dos prioritários. Em Manaus, políticos, empresários e outras pessoas de destaque também se acharam no direito de ser vacinados antes e furaram.

Um calendário de vacinações, emoldurado por nonagenários emocionados, fez com que muitos respirassem aliviados diante da esperança de ficarem livres de vez da pandemia; junto veio a notícia de que não há estoque suficiente para os grupos de risco e a vacinação pode ser suspensa.

As prefeituras consideraram a terça-feira (16) dia comum de trabalho com opção de os empregadores acatarem ou não a medida. Os bancos fecham e só reabrem dia 17. Desfiles só 'on line' e as praias, com quiosques abertos, podem receber turistas. Perfeito Carnaval.

É a nossa opinião.