O judô de Jacareí perdeu quinta-feira (8) seu mais famoso 'sansei' (professor), dois dias antes de completar 86 anos: Paulo Graça. Internado havia cerca de dez dias por outras complicações, ele também foi uma vítima do Covid-19 no sentido de que a pandemia impediu um velório à sua altura: só foi permitido por duas horas o último adeus presencial dos admiradores, com as restrições de praxe.

O jacareiense nasceu em 10 de abril de 1935, e dedicou-se ao esporte a partir dos 13. Aprendeu judô em Suzano, na Grande São Paulo, com o sansei Tokuzo Terazaki, depois ingressou, em 1960, na Polícia Rodoviária Federal como o primeiro instrutor da modalidade na corporação.

De família humilde, costurava sacos de farinha de trigo para fazer os primeiros quimonos. Ao se tornar famoso e atingir o grau máximo da carreira (3° Dam) não se esqueceu dos mais pobres; montou uma academia de judô em Jacareí num prédio na Rua Barão, depois, ao aposentar-se, mudou para a Rua Lamartine e, finalmente, para a rua Chaquib Sleimam Ahmed, atrás do Mercado Municipal, onde permaneceu até os dias atuais.

Paulo Graça representa as centenas de mortos impedidos pela pandemia de serem velados e sepultados como merecem e, infelizmente, outros que ainda serão submetidos ao mesmo rigor de ausências para que a doença possa ser erradicada o mais breve possível, espera-se. Infelizmente, as perspectivas ainda não são animadoras; o governo determinou que as restrições continuem por tempo incalculável.

Até lá, alunos têm comprometida a esperança de um melhor futuro pela ausência nas escolas regulares; doentes por outras causas estão impedidos de um tratamento eficiente e todos nós de ter acesso imediato à vacinação, esta, a melhor saída disponível. "Verás que um filho teu não foge à luta", cantamos em nosso hino, referindo-nos à uma invasão inimiga. Já estamos invadidos pelo pior deles.

É a nossa opinião.