O escritor e ex-prefeito, Benedicto Sérgio Lencioni, defende que 'os rios quando desviados sempre voltam ao seu curso inicial'. Em 1850, o leito do Rio Paraíba foi alterado na região central para 400 metros à esquerda além de seu leito original, por iniciativa do 1º barão de Jacareí, João Batista Gomes Leitão.

Quando assistimos às atitudes comportamentais do velho rio em nossa cidade – cuja mais recente a de estourar uma adutora e abrir uma grande cratera na Avenida Major Acácio Ferreira, situada à margem direita – somos levados a temer que a cisma de Lencioni tenha de fato fundamento. Para se ter uma ideia do estrago, o desbarrancamento foi tamanho a ponto de tragar um veículo que passava pelo local.

Como se não bastasse, Jacareí tem mais de 100 pontos de vazamentos, segundo levantamento do vereador Hernani Barreto (Republicanos), que se manifestou a respeito em 'pedido de informações' ao prefeito Isaias Santana (PSDB). Pior que são problemas que requerem ações imediatas do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), que parece ignorar o assunto. Jacareí tem – inclusive – uma agência reguladora (!) independente para tratar do assunto, mas que igualmente o ignora.

Apesar de pandemia, ano eleitoral, crise mundial provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, a vida precisa continuar de forma segura e de acordo com o que a população espera quanto a ação de seus governantes. Cabe ao SAAE ações vitais em termos de saneamento básico, tais como captação, tratamento de água e de esgoto. Negligenciar em qualquer um deles pode sugerir incompetência em todos, com prejuízos incalculáveis à saúde pública, principalmente no que se refere ao fornecimento de água potável.

Não há previsão para o tal retorno do velho rio ao seu leito original, se é que ele acontecerá um dia, mas nós não podemos nem pensar na falta de competência para que as partes envolvidas cumpram já o que delas se espera no restante.

É a nossa opinião.