"No Brasil existem duas leis: uma para cumprir e outra para burlar a primeira", diz um ditado maroto da filosofia popular. Nunca antes neste país, como agora, pareceu tão verdadeira a probabilidade dessa piada ter algum sentido. Basta inteirar-se do noticiário.

Exemplo: a chamada "rachadinha", antes suspeita restrita à contratação de funcionários comissionados que "racham" os próprios salários com o gabinete da chefia que os contrata, sofisticou-se. Agora, desconfia-se que alguns partidos políticos teriam lançado nas eleições de 2018, "candidatos laranjas" apenas com a finalidade de "rachar" a verba partidária oficial entre a sigla e parlamentares do "primeiro time".

Como teremos eleições em 2020 com novas regras (a primeira das duas leis citadas acima), como a proibição de coligações, isto pode vir a aumentar o "laranjal" (segunda lei), pois o Brasil tem 35 partidos registrados, além dos que esperam legalização. Serão 700 candidatos no mínimo, se todos concorrerem (em Jacareí cada partido com cerca de 20 candidatos), numa realidade local em que 200 será muito.

Nas eleições de 2018 estranhamos haver 17 candidatos a deputado por Jacareí, outro número exagerado, segundo o bom senso, o que as urnas comprovaram. Nem o espírito de competição inspirou um acerto mais realista entre os partidos. Isso é ruim porque tal passividade pode agora sugerir ter havido num ou noutro caso alguma coisa além da falta de bom senso

A eleição municipal de 2020 terá novidades que dificultam a necessária ajuda partidária material (o candidato a vereador não recebe dinheiro) a tantos pretendentes. Pode levar ao crescimento do "laranjal" de nomes que se apresentam por outros motivos que não só os votos.

Há uma atmosfera cítrica. As sirenes de segurança podem soar a qualquer momento. Que o eleitor fique atento para que os rejeitos do oportunismo não rompam a barragem da decência política e estraguem tudo.

É a nossa opinião.