Ao longo do tempo as palavras vão mudando de sentido. 'Formidável', por exemplo, significa 'medonho, horrível, que mete medo'. De repente, as pessoas passaram a usá-la no sentido de excelente, magnífico, admirável. Preservativo, era apenas usada para 'aquilo que se preserva'. Atualmente, entretanto, virou sinônimo de anticoncepcional. Vai entender? Assim foi para célula (pequena cela), percalço (lucro ou ganho), sofisticar (sofismar), pensar (cuidar) e tantas outras.

Existe, porém, aquelas que não perdem propriamente o sentido, só que certo grupo de pessoas – maus políticos, em sua maioria – usam-nas como se o sentido, mesmo significando o 'de sempre', quisessem dizer outra coisa. É o caso de negócio (trato mercantil) e negociação (prática de negócios) usada para discussão de votações no Congresso Nacional. No dia-a-dia das entrevistas de políticos ouvimos o entrevistado dizer com a maior tranquilidade que determinado projeto 'está em negociação' entre os parlamentares. E muitas vezes, está mesmo! E por aí vai.

Volta e meia, em uma discussão em que invocamos princípios cristãos para comportamentos políticos, citando como exemplo os ensinamentos de Cristo, a resposta vem de pronto: 'O Estado é laico', como se os ensinamentos de Jesus isentassem a classe política de se comportar decentemente.

Ocorre que o Estado laico, ou comportamento laico, é aquele que não interfere nos assuntos religiosos, os quais já possuem normas próprias, o que não isenta o agente do mesmo Estado de se comportar dignamente como indivíduo.

Em boa hora a Câmara Municipal de Caçapava deu posse na quinta-feira, diante de um público que superlotou as dependências do Legislativo, à 'Frente Parlamentar Cristã' formada por um grupo de vereadores que se propõe a atuar em todos os momentos em benefício da população (inclusive nas votações legislativas) segundo os ensinamentos de Jesus Cristo. Seja qual for a doutrina cristã seguida pelo parlamentar. É sem dúvida um alentador começo. O entendimento é que 'O Estado é laico, mas o eleitor, com certeza, não é'.

É a nossa opinião.