Toda a trajetória de Christopher Reeve (1952-2004) está no documentário 'Super/Man' (2024, Prime). Dirigido por Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, calibra bem momentos de emoção, consternação, e instantes de revolta, tensão. O roteiro usa depoimentos que o ator gravou ao seu livro de memórias, 'Ainda Sou Eu'. Assim, desenha o caminho percorrido por ele depois da queda do cavalo, de 1995. Cenas de 'Janela Indiscreta' (1998) compõem a produção, transmitindo a agonia de Reeve na cama e cadeira de rodas.

Nos depoimentos, considerações sinceras: o filho mais velho, Matthew, revela o lado de 'mau pai', o artista que não se comprometia com nada – 'Um dia depois que nasci, foi esquiar com amigos na França'; a primeira esposa, ex-modelo Gae Exton, lembra o sofrimento que passou quando Reeve a deixou, com 2 filhos para criar; um amigo analisa problemas pessoais, a família desestruturada.

Frank, pai de Christopher, era exigente, frio, rude. Quando o ator lhe disse que conquistara o papel de Superman, Frank ironizou, não deu importância. Do outro lado, o amor entre Reeve e Dana, a segunda parceira, coordena a outra metade do documentário. A força daquela mulher fez o ator querer viver, depois do acidente que o deixou paralisado dos ombros para baixo, sem conseguir respirar naturalmente. 'Ela me olhou e disse: você continua sendo você, eu te amo'.

As lutas nas campanhas de financiamento às pesquisas sobre a cura da paralisia preenchem boa parte do filme. 'Super / Man' ainda é franco ao mostrar a carreira de Reeve após as fitas do herói. 'Queria provar ser bom ator, mas nenhum dos trabalhos posteriores fez sucesso', diz um produtor de cinema. Para quem foi fã dos 4 'Superman' (1978-87), como eu, lágrimas correm do começo ao fim. Reeve se eterniza nesta obra. Assim como Dana, que morreu 16 meses depois dele, 11 dias antes de ela completar 45 anos, de câncer no pulmão. Duração: 105 minutos. Cotação: ótimo.