'O Tiro Certo' (1966, na íntegra no youtube) foi 1 dos 4 filmes da parceria Monte Hellman-Jack Nicholson, ambos da 'Escola Roger Corman' de cinema. O ator não tinha nem 30 anos, queria 'aparecer', ganhar fama. O diretor tinha o objetivo de 'apenas mudar o cinema'. Nicholson produziu a obra e pôs-se num papel secundário, Billy Spear, sujeito enigmático.

Aliás, muita gente, incluo-me nesta, consideraram o longa confuso, roteiro difícil – script este escrito por uma mulher, Carole Eastman, que, para fugir dos preconceitos, escondeu-se sob o codinome Adrien Joyce. O faroeste estava na moda. A turma quis participar. Não deu certo. Com elenco enxuto – além de Nicholson, estavam Will Hutchins, Millie Perkins e Warren Oates –, 'O Tiro Certo' naufragou nos EUA, mas fez sucesso na França.

Talvez a explicação seja óbvia: era o auge da revista 'Caheirs du Cinéma', cujos críticos, dentre eles François Truffaut, veneravam o que chamavam de 'vanguarda', ou seja, películas que ninguém entendia ou preferia não perder tempo. Por isso, por exemplo, idolatravam Glauber Rocha. Era a 'esquerda caviar-festiva', deslumbrada com a 'estética da fome' e histórias sem pé nem cabeça. 'O Tiro Certo' foi filmado no deserto do Estado americano de Utah em 1965. A trama gira em torno de 2 homens, Willet e Coley (Oates e Hutchins, respectivamente) contratados por uma mulher misteriosa (Perkins) para acompanhá-la a uma cidade localizada a muitos quilômetros de onde partiram. Durante a jornada, enfrentam o calor e a sede, e o trio começa a ser rastreado por Billy, pistoleiro com más intenções.

Marc Eliot, autor da biografia de Nicholson, afirma categoricamente que as filmagens de 'O Tiro Certo' foram feitas com todos sob o efeito de drogas, principalmente LSD. Pode-se estar aí a explicação para a baderna da fita. Hellman diria depois que se arrependeu de convidar JN para produzir, porque o ator 'regulava a grana, dava palpite em tudo'. Duração: 82 minutos. Cotação: ruim.