Até que 'as águas de março fechem o verão' muita chuva ainda vai cair, afirma a meteorologia. Portanto, os estragos do aguaceiro país a fora vão continuar acontecendo. Surpreende, todos sabermos que chove todos os anos nesta época e sempre acontecem inundações, desmoronam morros, caem casas e morre gente. Em cada canto do país ocorre uma loteria às avessas, com todos apostando que o maior volume de águas vai despencar bem longe.

Esquecemo-nos que as erosões, desgaste do solo e infiltração de água, são males constantes e invisíveis. As chuvas apenas acionam o gatilho. É assim em boa parte do país este ano como foi em março de 1967, quando um desmoronamento de parte da Serra do Mar deslizou sobre Caraguatatuba, matou 450 pessoas, quase o dobro de Brumadinho (250 até gora) e desabrigou 3 mil. A infiltração das águas vinha acontecendo havia muito e 'explodiu' naquele dia fatídico. Na vizinha São José dos Campos, volta e meia desabam casas em consequência de infiltração pluvial.

Preocupa-nos a irresponsabilidade oficial quando se omite criminosamente torcendo para que a desgraça maior aconteça na mão de outro prefeito num futuro bem distante. Prova disto é a má qualidade do asfaltamento das vias urbanas escancarada nas fotos das tragédias exibidas na TV: uma "casquinha" de asfalto sobre terra batida, a mais volumosa não passando de 5 centímetros de espessura e sem preparo apropriado do leito de terra batida; tá na Globo!

Em parte, também culpada, a população. Para muitos, jogar lixo no bueiro é mais cômodo que descartá-lo em lugar apropriado. Ou, pior, jogá-lo no rio poluindo as águas que serão devolvidas para a mesma população beber. O que aconteceu com o abastecimento de água no Rio de Janeiro não foi do nada; bebemos água do rio que poluímos. Não nos esqueçamos disso.

É a nossa opinião.