Anos atrás, ali pelo final do século passado, um farmacêutico do bairro São João, em Jacareí, cansou de ter sua farmácia constantemente assaltada. Então, colocou um enorme cartaz na principal vitrine do estabelecimento no qual se lia: "Senhores ladrões, já não suportamos sofrer assaltos com tamanha frequência. Queiram, por favor, variar um pouco para que a gente possa tomar um fôlego".' Incrivelmente, o assédio criminoso acabou e o farmacêutico voltou a trabalhar em paz.

No final do ano passado, a Academia Jacarehyense de Letras não conseguiu mudar para uma casa na Rua José Bonifácio, região central da cidade. Ladrões furtaram a fiação elétrica entrando por cima do telhado, quebrando telhas e criando goteiras em vários cômodos.

A Academia gastou cerca de R$ 4 mil com nova fiação e eletricista. Passadas as chuvas, quando foram reabrir a casa, surpresa: ladrões haviam repetido a façanha; quebraram telhas e, outra vez, furtaram os fios.

Até casa com moradores dormindo dentro foi furtada, como aconteceu em outro ponto da mesma José Bonifácio, segundo a imobiliária que cuida do imóvel. Porém, os endereços não são únicos a sofrer tal ação criminosa. Nos dois quarteirões contíguos das ruas Tiradentes e João Américo da Silva, cerca de dez estabelecimentos tiveram fiação furtada de maneira idêntica em seis meses. Um único comerciante amargou cerca de R$ 5 mil de prejuízo.

Ao indagarem a PM por que não há uma ação preventiva constante ('saturação,' na linguagem policial) nas ruas visadas, a resposta surpreendeu: não há qualquer registro de tais furtos nos documentos da PM. Com exceção da Academia, a totalidade das vítimas não presta queixa. Isso impede ação policial específica.

É hora de as vítimas procederem em favor delas próprias registrando queixas. Enquanto tal não ocorre, telhas continuam sendo quebradas, casas invadidas pelos telhados e patrimônios violados. É preciso motivar a polícia a cumprir sua parte. A tal placa 'Senhores Ladrões...' não funciona mais.

É a nossa opinião.