Na manhã de sexta-feira (24) o ministro da Justiça, Sérgio Moro, declarou-se demissionário. A decisão do presidente em demitir o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, nomeado pelo ministro, teria sido a razão da atitude de Moro em pedir para sair. Ele tomou conhecimento da exoneração pelo Diário Oficial.

Em entrevista coletiva, o então ministro justificou que sairia do governo pela clara interferência política nas decisões da sua pasta. Moro disse não entender o porquê de tirar um delegado que exercia corretamente seu trabalho com resultados indiscutíveis. Destacou a diminuição dos crimes de morte no país, transferências de líderes de facções criminosas e outros atos relevantes da PF. Segundo ele, 'mais de 10 mil brasileiros não foram assassinados graças ao trabalho da instituição, dentre outros feitos.

Moro foi apontado em recente pesquisa com prestígio próximo ao dobro (56%) em relação a Bolsonaro (30%). Filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro está sendo investigado pela PF sob suspeita da prática de nomeações de funcionários vinculadas à retenção de parte dos salários deles para benefício próprio, quando era deputado no Rio.

Políticos insinuaram uma possível candidatura do ex-ministro à Presidência em 2022. Moro sempre negou a possibilidade. Sexta-feira, porém, uma frase dita durante o pronunciamento intrigou: Disse que iria descansar, o que havia muito não fazia, porém estará 'sempre à disposição do país para ajudar'. Radicais, afirmam que, em termos eleitorais o presidente teria dado uma 'facada moral' em Sergio Moro'.

Em pronunciamento oficial, no final da tarde de sexta-feira (24), Bolsonaro negou que fosse intenção dele interferir na investigação ao seu filho. Respondeu à fala de Moro dizendo que 'autonomia não é soberania'. Se Moro tem biografia a zelar, conforme dissera na coletiva, 'eu tenho uma pátria a zelar'. 'Meu compromisso é com o Brasil e com a democracia', enfatizou.

Pelo sim, pelo não, o povo brasileiro merecia muito mais.

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