A geração digital
Os algoritmos seguem moldando gostos, opiniões e até comportamentos. A escola tenta competir com vídeos de 15 segundos.
Tem algo estranho acontecendo com a juventude. Nunca se falou tanto sobre os perigos da internet — excesso de telas, conteúdos rasos, influenciadores duvidosos — e, ainda assim, os jovens continuam mergulhados nesse mundo como se fosse a única realidade possível. O mais curioso? Eles sabem dos riscos. Concordam com o exagero culposo, mas não param.
É como se estivessem dizendo: "Eu sei que faz mal, mas todo mundo tá fazendo..." Uma espécie de rebeldia moderna, silenciosa, coletiva. E os adultos? Pais, professores, autoridades? Estão vendo tudo acontecer, comentam entre si, balançam a cabeça… e seguem a vida. Ninguém quer comprar essa briga.
Enquanto isso, os algoritmos seguem moldando gostos, opiniões e até comportamentos. A escola tenta competir com vídeos de 15 segundos. A conversa em casa perde espaço para notificações. E o tempo de tela vira rotina, não exceção.
Falta coragem para dizer 'não'. Falta criatividade para alternativas. Falta presença — aquela que não se mede em Wi-Fi, mas em escuta, em afeto, em exemplo. No fundo há um revés formado pelos adultos movido por doses de admiração pela capacidade mostrada pelos mais jovens, principalmente quando tais adultos têm certo grau de poder sobre os realizadores das incríveis façanhas tecnológicas.
A juventude não precisa de mais proibições. Precisa de adultos que se importem de verdade. Que saiam do discurso e entrem na prática. Que entendam que educar no mundo digital é mais do que instalar controle parental — é participar, orientar, provocar reflexão.
Porque no fim das contas, o futuro vai muito além de uma telinha brilhando no escuro com um conteúdo que 'parece ter vida' a nos distrair. E poucos são os adultos sensíveis que se dão conta disso, mas parece que eles começam a agir mesmo com certo medo: paralelo à preocupação organizada, anuncia-se providências corretivas para breve e em setores educacionais. Que venham.
É a nossa opinião.
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