Quando a Câmara precisa olhar para si mesma
A presidência da Câmara e as autoridades de controle do município têm a obrigação de agir com rapidez e rigor.
A Câmara Municipal de Jacareí vive um momento que exige firmeza, transparência e postura institucional. A denúncia sobre o uso de um veículo oficial da Casa, utilizado pelo chefe de gabinete do vereador Marcelo Dantas (Podemos) - com o conhecimento do parlamentar -, para fins particulares, não pode ser tratada como algo menor ou passageiro.
Segundo imagens e testemunho encaminhados ao Diário de Jacareí, o servidor teria utilizado o carro público para acompanhar a captação de imagens aéreas destinadas à produção de conteúdo comercial para as redes sociais do parlamentar. Trata-se, se confirmado, de uma afronta direta à finalidade legal dos veículos custeados com dinheiro do contribuinte.
A presidência da Câmara e as autoridades de controle do município têm a obrigação de agir com rapidez e rigor. Não se trata apenas de avaliar o ato em si, mas de reafirmar o princípio básico que sustenta a administração pública: servidores não podem se valer de estruturas oficiais para fins políticos, pessoais ou promocionais. A confiança do cidadão na instituição depende de um posicionamento claro e imediato.
O caso precisa ser apurado com transparência, processo formal e ampla divulgação de seus passos e conclusões, sem corporativismo. É preciso mostrar à sociedade que as regras são válidas para todos. Uma Câmara que fiscaliza o Executivo deve, antes de tudo, fiscalizar a si própria.
Também cabe ao Ministério Público e aos órgãos de controle municipal analisarem o episódio, evitando que situações como esta sejam normalizadas. A sociedade exige respostas e medidas concretas.
Jacareí vive um momento em que a política precisa recuperar crédito. A melhor forma de fazê-lo é enfrentar denúncias de frente, com coragem e transparência. Silêncio ou omissão não são opções aceitáveis. Uma instituição pública forte se constrói com responsabilidade – e não com a acomodação diante de condutas que, ao menos em tese, ferem o interesse coletivo.
É a nossa opinião.
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