Sábado, 23 Novembro 2024

Covid-19 desencadeou e agravou casos de diabetes em todo o país

Geralsaúde

Covid-19 desencadeou e agravou casos de diabetes em todo o país

Contaminados desenvolveram a doença devido às alterações metabólicas ou como consequência do tratamento.  

O acompanhamento periódico dos níveis de glicose é recomendado por especialistas a todas as pessoas. Foto- Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo

Há anos, o diabetes é um problema mundial de saúde pública, mas a pandemia pode ter piorado ainda mais esse quadro. Só no Brasil, de acordo com dados do Atlas do Diabetes, houve um aumento de quase 27% no número de pacientes diabéticos nos últimos 10 anos. Com essa prevalência, o país é o sexto do mundo com a maior quantidade de pessoas com a doença. Hoje, são cerca de 16 milhões de brasileiros diagnosticados, mas a previsão é que haja mais de 640 milhões até 2030.

Segundo estimativas, 90% dos casos de diabetes no mundo são tipo 2. Apesar de a genética ter uma forte influência no desenvolvimento da doença, o sobrepeso e a obesidade são os principais motivos do crescimento deste tipo de diabetes no mundo. No entanto, ao longo da pandemia de Covid-19, descobriu-se que a infecção pelo vírus também se tornou um dos fatores do desenvolvimento de diabetes tipo 2.

A endocrinologista do Hcor, Dra. Cristina Triches, explica que isso ocorre porque, em situações de infecção e/ou inflamação aguda, o organismo exige uma maior produção pancreática de insulina para conseguir manter os níveis normais de glicose no sangue, o que pode piorar o controle glicêmico de pacientes diabéticos e causar hiperglicemia em pessoas previamente saudáveis.

Estudos têm mostrado que alguns pacientes sem histórico de diabetes passaram a apresentar uma alta taxa de glicose no sangue durante a infecção que persistiu após a recuperação. "Ainda não sabemos se a Covid-19 precipitou o desenvolvimento do diabetes, se o vírus provocou lesões às células do pâncreas que levaram à hiperglicemia crônica ou se a doença foi causada pela resposta inflamatória sistêmica ao SARS-CoV-2", pondera a especialista.

Para observar a evolução de doenças crônicas, como da diabetes tipo 2, é necessário um período de acompanhamento de 5 a 10 anos. "Como a pandemia é recente, não é possível dizer se os casos serão persistentes ou transitórios. Também não podemos afirmar ainda a relação de causalidade entre as doenças.

Mesmo assim, é importante orientar os pacientes que tiveram Covid-19 a procurar um médico para rastrear o diagnóstico de diabetes", reforça.

Monitoramento dos níveis de glicose
no sangue é recomendado para todos

O acompanhamento periódico dos níveis de glicose no sangue é recomendado a todas as pessoas. Sua utilização de acordo com diretrizes médicas mais atualizadas traz inúmeros benefícios aos pacientes. De acordo com a endocrinologista do Hcor, Dra. Cristina Triches, dependendo do nível, o diabetes pode não apresentar sinais.

"Por isso, solicitamos a dosagem de glicemia de jejum e a hemoglobina glicada (média glicêmica do paciente nos últimos 3 meses). Para fechar o diagnóstico, é necessário que, pelo menos, dois exames estejam alterados.

Se for apenas um, este deverá ser repetido para confirmar", explica. A frequência na realização dos exames deve ser individualizada e depende da idade do paciente e dos fatores de risco metabólicos apresentados.

Se não diagnosticado precocemente e tratado de maneira adequada, o diabetes pode causar uma série de outros danos ao organismo, como insuficiência renal, lesões na retina e em diversos nervos, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral.

Mesmo fazendo uso de medicamento, o paciente precisa ter bons hábitos para manter os níveis glicêmicos apropriados e prevenir as complicações. "Alimentação saudável, prática de exercício físico aeróbico por, pelo menos, 150 minutos por semana e manutenção do peso ideal fazem parte do tratamento de quem já foi diagnosticado com a doença, mas também são indicados à população geral para prevenir o diabetes", finaliza a médica.

SERVIÇO
Sobre o Hcor
O Hcor atua em mais de 50 especialidades médicas, entre elas Cardiologia, Oncologia, Neurologia e Ortopedia, além de oferecer um centro próprio de Medicina Diagnóstica. Desde 2008, é parceiro do Ministério da Saúde no Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).

Instituição filantrópica, o Hcor iniciou suas atividades em 1976, tendo como mantenedora a centenária Associação Beneficente Síria. 

 

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