Uma Vida Feliz
Soube-se que, embora muito doente, ela passou a exibir um semblante ainda mais tranquilo e feliz que o normal.
Desde criança, em Jacareí, Margarida Reis sempre foi, confessadamente, uma pessoa "de bem com a vida". Ela amava e se identificava com a cidade. "Éramos pobres, porém muito felizes", repetia sempre com brilho nos olhos. Por várias vezes segredou que chegava até a conversar com os astros do Céu, principalmente a Lua, confidente mais constante.
Margarida dizia-se uma criança "de bem com a vida". Segundo ela, não se viviam diferenças sociais marcantes naquela época. Crianças e jovens, seus colegas, ignoravam problemas de classes. Em sua turma havia uma unanimidade voltada para a alegria. "Éramos uma comunidade bonita em que todos se ajudavam", contava.
Tornou-se cantora um tanto reservada, "para o meu gasto", explicava. Mas pela música participou do coral da escola como soprano e sempre cuidou da voz, cantava nas ruas, na vizinhança, mas nunca se dedicou ao canto profissionalmente; preferiu a carreira de professora. Mas, esse amor pela música fez dela, durante anos, vocalista, cantora e apresentadora da "Noite de Seresta Darcy Reis".
Era viúva do mesmo famoso radialista Darcy Reis, que dá nome à seresta, cujo pai era agente da ferrovia Central do Brasil e veio para Jacareí em 1950. Conheceram-se em 1951, estudaram na mesma escola, e casaram-se. Ele tornou-se locutor esportivo da Rádio Bandeirantes (SP).
Querida e admirada por toda a cidade, Margarida tornou-se professora e passou a restringir seus esforços profissionais à carreira de professora, deixando de lado a possibilidade de tornar-se cantora profissional. Manifestava esta vocação esporadicamente em eventos, nas apresentações da Noite de Seresta ou anualmente no papel de "Verônica", nas procissões das sextas-feiras santas.
Margarida nunca deixou de 'conversar' com a Lua, como na noite recente de 13 de janeiro. Soube-se que, embora muito doente, ela passou a exibir um semblante ainda mais tranquilo e feliz que o normal. Morreu nove dias depois, para tristeza de todos nós.
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