Aproveito de 'gancho' o 85º aniversário de Dustin Hoffman, 8/8, para corrigir em tempo falha grave destes quase 19 anos de coluna. Jamais, até hoje, havia tecido comentários neste espaço sobre um dos grandes filmes de Jornalismo da história do cinema: 'Todos os Homens do Presidente' (1976).

Apenas citei o longa aqui e acolá, mas sem o aprofundamento necessário sobre a obra do diretor Alan Pakula (o mesmo de 'O Dossiê Pelicano', 1993). Para resumir, em 17/6/1972 houve a invasão à sede do Comitê do Partido Democrata dos EUA, e 5 foram presos.

Bob Woodward e Carl Bernstein, jovens repórteres com 30 e poucos anos, do 'The Washington Post', começaram a investigar o caso, que culminou, em 9/8/1974, com a renúncia de Richard Nixon, presidente eleito (1968) e reeleito (1972). Ficou famosa também a relação da dupla com Mark Felt, agente do FBI que informava os 2 e foi apelidado de Garganta Profunda, já que se desejava preservar a fonte. Só em 2005 a identidade de Felt foi revelada.

Hoffman interpretou Carl. Robert Redford, Bob. Hal Holbrook, Felt. Os EUA realmente sabem aproveitar a oportunidade. Passados somente 2 anos da renúncia de Nixon aprontaram a fita a toque de caixa. É compreensível. Querer deixar a versão acerca do ocorrido. A democracia norte-americana é instituição forte e traumas como este deixam feridas abertas.

Nixon provavelmente seria processado e sofreria impeachment.'Todos os Homens do Presidente', de maneira avassaladora, expõe o ambiente tenso daqueles meses, onde o nervosismo podia ser capturado pela mão. Tanto a direção como os trabalhos dos atores são extraordinários e a fita saiu das salas de projeção como clássica.

A década de 1970, no solo do Tio Sam, terminaria com a eleição do esquerdista Jimmy Carter em 1976, cuja presidência não deixou boas memórias à população. A chave 'conservadora' do Partido Republicano, que seguiu com o vice de Nixon, Gerald Ford (que assinou anistia para que o antecessor não fosse preso), voltaria nos 3 pleitos seguintes, com duas vitórias de Ronald Reagan – 1980 e 1984 – e a de seu vice, George Bush (o pai), em 1988. Duração: 138 minutos. Cotação: ótimo.