Traumas do mafioso
Com a recusa de Scorsese, os roteiristas cogitaram assumir o bastão. No fim das contas, coube a Harold Ramis ('Caça-Fantasmas', 1984) o comando.
Kenneth Lonergan e Peter Tolan escreveram 'Máfia no Divã' (Prime) em meados dos anos 90. Ofereceram a direção a Martin Scorsese. Robert DeNiro e Billy Crystal estavam contratados. Com a recusa de Scorsese, os roteiristas cogitaram assumir o bastão. No fim das contas, coube a Harold Ramis ('Caça-Fantasmas', 1984) o comando. Lançado em 1999, fez sucesso.
A história de Paul (DeNiro), gângster, que se vê numa crise de pânico e procura o terapeuta Sobel (Crystal) para se tratar, conquistou o público não apenas pelas situações nonsenses, mas pelo carisma do cast – Lisa Kudrow (Laura, noiva do psicólogo, de 'Friends', 1994-2004) e Joe Viterelli (Geleia, capanga desajeitado do bandido, mas sempre vestindo ternos alinhados, de risca de giz preferencialmente), por exemplo.
Determinadas cenas lembram desenhos animados, principalmente quando Joe está, com seu jeito bonachão, interrompendo Sobel, como no casamento deste, porque o chefe necessita de terapia porque se lembrou de determinado trauma de infância. 2 ou 3 anos depois, Lonergan, Tolan e Ramis se organizaram novamente e escreverem a continuação, 'A Máfia Volta ao Divã' (2002, Prime), e chamaram de volta DeNiro, Crystal, Viterelli e Kudrow. Na sequência, Paul, preso e ameaçado por facções rivais, se faz de biruta para conseguir ser liberado da cadeia. Após seu psicólogo aceitar tutelá-lo, e levá-lo a morar com ele, o mafioso consegue sair e preparar a vingança, ao mesmo tempo em que procura se regenerar, deixar 'os negócios' a um sucessor e arranjar emprego decente. Esta tarefa é fracassada por conta do comportamento inadequado do mafioso, que maltrata os clientes, e a paranoia que povoa sua mente.
'A Máfia Volta ao Divã' foi o último trabalho de Viterelli, que chegou a filmar com Woody Allen o morno 'Tiros na Broadway' (1994) e foi o pai da 'rechonchuda' Gwyneth Paltrow em 'O Amor é Cego' (2001). Morreu em 28/1/2004, de hemorragia. Duração dos filmes: 103 e 96 minutos, respectivamente. Cotação de ambos: bom.
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