O diretor Charles Russell tinha dirigido 'A Hora do Pesadelo 3' (1987) e 'A Bolha Assassina' (1988) quando recebeu, em meados de 1989, convite a comandar a adaptação dos quadrinhos 'O Maskara' (1994), onde foi também produtor-executivo. Entre indas e vindas de como levar o gibi à telona, com ou sem violência exacerbada, empresários da New Line (distribuidora) temeram que o público rechaçasse o terror e humor negro. Amenizaram a história (Russell concordou), mostrando a criatura maluca despida de inibições, com o objetivo de trazer o público infantil. Acertaram na mosca.

A inspiração de Russell foi Tex Avery, cartunista dos anos 30, criador de Pernalonga e Patolino. Prestes a completar 3 décadas do lançamento, a fita rendeu milhões de dólares e licenciamentos (desenho animado, jogos de videogame, brinquedos etc). Jim Carrey se tornou astro e a então modelo estreante Cameron Diaz (no auge da beleza, aos 21 anos), símbolo sexual.

Ipkiss (Jim), bancário tímido e atrapalhado, acha a máscara de madeira e a coloca no rosto. Transforma-se num ser travesso, irresponsável. Tina (Cameron), namorada do bandido que quer se vingar do ex-patrão explodindo a boate onde trabalhava, se envolve com Ipkiss.

O script de Mark Werb tem cenas hilárias ('baile' com policiais e o 'discurso no Oscar', por exemplo), recheadas de efeitos especiais, feitos com o grupo que coordenou os de 'Parque dos Dinossauros', um ano antes (não entendo como 'Forrest Gump' derrotou 'O Maskara' no Oscar-95 nesta categoria, onde concorria ainda 'True Lies'), misturando live-actions e quadrinhos: Maskara engole explosivos, congela no ar, troca de roupa em 3 segundos, vira cão-babão ao ver Tina dançando. Com custo original de US$ 20 milhões, de cara rendeu 5 vezes mais. 

O desempenho de Carrey fez com que fosse convidado pelo diretor Joel Schumacher a dar vida a Charada em 'Batman Eternamente' (1995), papel então reservado a Robin Williams. 'O Maskara' é outro entretenimento eficaz. Duração: 104 minutos: Cotação: bom.