Sindicato dos Metalúrgicos recorre à Justiça para evitar demissões na Chery
Na manhã de quarta-feira (25), funcionários da empresa receberam telegramas o comunicado da rescisão de contratos.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região protocolou, nesta quinta-feira (26), na Justiça do Trabalho de Jacareí, uma ação civil pública, com pedido de liminar, solicitando o cancelamento das demissões na fábrica da Caoa Chery. O Sindicato considera os cortes 'arbitrários'.
Em resposta aos comunicados de demissão enviados pela montadora na quarta-feira (25), os trabalhadores decidiram, em assembleia, que lutarão até o final pela preservação dos empregos e contra o fechamento da fábrica em Jacareí.
Na manhã de quarta-feira (25), funcionários da empresa receberam telegramas com o comunicado da rescisão de contratos. O Sindicato dos Metalúrgicos apurou que foram enviados 580 telegramas. Ao todo, a fábrica possui 624 funcionários.Até então, a entidade vinha divulgando uma previsão em torno de 480 demissões.
As demissões acontecem em meio às negociações que ainda estão em curso, no Ministério Público do Trabalho (MPT). Duas audiências de conciliação já foram realizadas, mas não houve acordo.
CONSULADO
Nesta quinta-feira (26), Os trabalhadores da Caoa Chery, de Jacareí, se concentraram em frente ao Masp, em São Paulo, de onde saíram em passeata até o Consulado da China. Também participam do protesto trabalhadores da MWL, empresa de capital chinês com planta em Caçapava.
De acordo com o Sindicato, cerca de 200 pessoas participaram do ato, levando faixas e cartazes em defesa dos empregos e direitos. A Polícia Militar esteve no local, e os portões do Consulado foram fechados quando os manifestantes chegaram.
O Sindicato pretendia protocolar duas cartas no Consulado, reivindicando o agendamento de uma reunião para discutir os problemas enfrentados pelos funcionários das duas empresas, mas o encontro não aconteceu.
JUSTIFICATIVA
O argumento da empresa para o fechamento da fábrica é a retirada de linha do modelo Tiggo 3X e a importação dos modelos Arrizo 6 e Arrizo 6 Pro, que antes eram fabricados em Jacareí. A montadora argumenta ainda que a unidade passará por uma modernização para a produção de carros elétricos, que começaria apenas em 2025. O Sindicato defende que a produção do Arrizo deve permanecer em Jacareí.
Se o fechamento da unidade se confirmar, somente para o setor de autopeças o impacto deve ser de R$ 37 milhões. Os dados são do Ilaese (Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos).
Caoa Chery ignora negociação e inicia
demissões na montadora, em Jacareí
Mesmo em meio às negociações com o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Caoa Chery iniciou a demissão de trabalhadores na fábrica de Jacareí. A montadora enviou telegramas para 580 funcionários, na quarta-feira (25), comunicando que os contratos estão rescindidos. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região considerou a decisão 'arbitrária' e convocou todos os trabalhadores para uma assembleia que foi realizada na tarde desse mesmo dia, em frente à fábrica.
A entidade reafirma que vai buscar na mobilização e nos tribunais todas as medidas para o cancelamento das demissões. O Sindicato defende a abertura de layoff por cinco meses mais estabilidade no trabalho de três meses. Para os metalúrgicos que não quiserem aderir ao layoff, a reivindicação é de uma indenização social de 20 salários nominais e extensão dos benefícios por 18 meses, conforme proposta do MPT.
"A demissão em massa mostra total desrespeito aos trabalhadores, ao Sindicato e ao próprio MPT, já que as negociações ainda estão em andamento", afirma em nota.
QUEBRA DE ACORDO
Em reunião com o Sindicato, no dia 10, a direção da fábrica havia se comprometido a abrir o programa de suspensão de contrato. Três dias depois, voltou atrás e anunciou que manteria as demissões.
Ainda de acordo com a entidade que representa a categoria, essa não é a primeira vez que a empresa 'desrespeita as relações com trabalhadores e Sindicato'. "Logo que começou a operar em Jacareí, em 2015, a Chery recusava-se a cumprir a convenção coletiva dos metalúrgicos, inclusive com piso salarial inferior ao de outras montadoras. A conduta, somada a denúncias de precarização do trabalho e assédio moral, levou à deflagração da primeira greve na fábrica, com um mês de duração", relembra.
O Sindicato afirma que continuará cobrando do governo do estado, da Prefeitura de Jacareí e da Câmara Municipal que não aceitem o fechamento da fábrica e as demissões, considerando as isenções fiscais e benefícios concedidos à montadora.
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