Retomada de eventos sociais requer cobertura vacinal de 80%, alerta Fiocruz
Boletim da Fundação destaca que a cobertura vacinal vem aumentando gradualmente, mas ainda distante do patamar ideal.
O novo Boletim do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na quinta-feira (4) pela instituição, adverte para a necessidade de cautela na retomada de eventos sociais com aglomeração, considerando somente o percentual de adultos completamente vacinados. Os pesquisadores do Observatório afirmaram ser fundamental que se atinja o patamar de 80% de cobertura vacinal da população total para que sejam retomados eventos com grande público. Alcançada essa meta, alertam que, além dos adultos, a campanha de imunização deve atingir também crianças e adolescentes.
Os cientistas lembraram que a população de adolescentes, pelo tipo de comportamento social que tem, é um dos grupos com maior intensidade de circulação nas ruas e convive com outros grupos etários e sociais mais vulneráveis. "Por isso, é equivocado pensar que, com a população somente adulta coberta adequadamente, a retomada irrestrita dos hábitos que aglomeram pessoas é possível", diz o boletim.
NÚMEROS
De acordo com o boletim, a cobertura vacinal vem aumentando gradualmente, tendo atingido, recentemente, 55% da população total, portanto ainda distante do patamar ideal. O documento destaca também a existência de uma quantidade significativa de pessoas que precisam retornar aos postos de saúde para a segunda aplicação da vacina contra a Covid-19.
Segundo destacam os pesquisadores, a recomendação é que, enquanto se caminha para um patamar ideal de cobertura vacinal, medidas de distanciamento físico, uso de máscaras e higienização das mãos devem ser mantidas e a realização de atividades que representem maior concentração e aglomeração de pessoas só sejam realizadas com comprovante de vacinação. O documento acentua que países do Leste Europeu, bem como os Estados Unidos, vêm apresentando surtos de covid-19 em condições de baixa cobertura de vacinação, o que deve ser evitado no Brasil.
ESTABILIDADE
Na avaliação dos pesquisadores da Fiocruz, o cenário brasileiro ainda é de estabilidade nas taxas de transmissão do vírus Sars-CoV-2. Foram notificados, em média, 11.500 casos e 320 óbitos diários, ao longo da Semana Epidemiológica (SE) 43, compreendida entre os dias 24 e 30 de outubro. Esses números representam redução de 0,7% ao dia nos registros de casos e menor velocidade de redução do número de óbitos no país, que agora atinge 0,4%, depois de 14 semanas de redução acelerada e sustentada, com velocidade de 1% a 2%.
Os cientistas acentuaram que embora o registro de casos e de óbitos por Covid-19 se mantenha em trajetória declinante, a taxa de positividade dos testes de diagnóstico permanece alta, o que pode ser atribuído à exposição ao vírus e à presença de indivíduos fora de casa. "O Índice de Permanência Domiciliar mostra, por exemplo, que há mais pessoas nas ruas do que antes da pandemia", indica o boletim.
No que se refere à ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS), o indicador se mantém em patamares inferiores a 50% na maior parte das unidades da Federação. Segundo o documento da Fiocruz, o único estado na zona de alerta intermediário é o Espírito Santo (67%).
Comentários: