Eta fogo bonito!
Enquadram-se aí o desamor à pátria, a incapacidade dos mandatários de honrarem
o compromisso
O professor Rodolfo Alves Pereira, da rede estadual de ensino de Minas Gerais, lembrava pela internet, meses atrás, que há mais de 100 anos, em 1914, o escritor brasileiro Monteiro Lobato já alertava em carta ao 'Estadão' sobre o problema das queimadas criminosas no Vale do Paraíba. Mais frequentes nos meses de agosto e setembro pela escassez de chuvas, elas devastavam impiedosamente nossa fauna e flora com um espetáculo 'belo e trágico'.
Lobato culpava o caboclo seminômade que vagava pelo território brasileiro 'inadaptável à civilização', e que tocava fogo no pasto seco, depois acocorava-se no cocuruto de um cupim para apreciar de longe e exclamar, pitando um toco de cigarro de palha: "eta fogo bonito"!
O mundo seguiu em frente e as 'queimadas' continuam a mostrar que o explorado caboclo é tão culpado quanto qualquer um de nós. Além das fogueiras tradicionais, surgiu um novo tipo: a metafórica, para usar um termo da moda, em substituição ao 'velha praga' usado por Lobato. Ou seja, a gente pode chamá-las de 'queimadas', por serem coisas tão ruins quanto.
Enquadram-se aí o desamor à pátria, a incapacidade dos mandatários de honrarem o compromisso que os levou ao poder, a não punição severa aos grandes crimes e tantas outras mazelas que seria repetitivo mencioná-las.
Não dá para entender o comportamento dos 'coroados' do país, frente à falta de responsabilidade para com o mandato que lhes demos. Nem a nossa falta de ânimo para ficarmos indignados diante do futuro incerto a que eles direcionam nossos filhos. Torna-se preciso o cidadão de bem 'recolocar a coroa sobre sua cabeça, porque os aventureiros fizeram isso faz tempo'. Já que tivemos um 'Dia do Fico', instituamos o 'Dia do Saia!' Não podemos todos apenas sentar no cocuruto dos infortúnios da nação e ficar exclamando 'eta fogo bonito'!
É a nossa opinião.
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