Deus, as Leis e as Salsichas
Nossa sobrevivência direta ficou acima de sentimentos cívicos e das necessidades naturais
"Ninguém dormiria tranquilo se soubesse como são feitas as leis e as salsichas" diz um velho ditado atribuído a Otto Von Bismark (1815-1898). Isso, no tempo em que as pessoas ficavam preocupadas com o destino do país pela ação dos governantes e dos fabricantes de alimentos. Hoje, não temos mais dúvidas de como são feitas as leis, tampouco sobre o fabrico de alimentos e, incrível, ainda conseguimos dormir bem.
Perdemos sono só por razões particulares, do time que não consegue deslanchar no campeonato ao nosso emprego em ameaça de extinção. Nossa sobrevivência direta ficou acima de sentimentos cívicos e das necessidades naturais. Na quinta-feira (17), o líder do PSL, partido do presidente, chamou-o de 'vagabundo' numa cobrança de fatura política. Nenhum movimento popular manifestou-se por isto. 'Problema deles', devem ter dito as lideranças.
Por aqui, esperamos que mesmo abalada nossa esperança resista. A vereadora Sônia Patas da Amizade (PSB) confirmou-nos que o abuso por parte de motoqueiros impunes que promovem 'rachas' noturnos com escapamentos atingindo insuportáveis decibéis pode ser enquadrado na lei de agressão aos animais. Vários destes, principalmente os cães, por terem a audição superdesenvolvida, sofrem muito mais que nós humanos. O ronco de uma moto de escapamento aberto pode danificar para sempre o sistema auditivo de um cãozinho. Livrar-nos-íamos do tormento por meio dos quadrupedes.
Óbvio que teremos outros obstáculos. Primeiro, identificar e prender 'o vagabundo', como o classificaria o deputado Delegado Waldir (PSL-GO). Depois, bastaria enquadrá-lo inteligentemente na lei que pune maus tratos aos animais. No primeiro caso, temos Guarda Civil Municipal, da coronel Eliane Nikoluk, que botou seu pessoal na rua para trabalhar sério. No segundo, a equipe da OAB, defensora dos animais, que terá de achar a maneira legal de punir os faltosos. Finalmente, resta-nos a esperança de que Deus continue sendo brasileiro.
É a nossa opinião.
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