O Brasil não é para principiantes. Esta semana, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) anunciava que, a partir de maio, os postos de combustíveis não poderão mais propagar seus preços aos consumidores com três dígitos depois da vírgula. Exemplo: 'Gasolina R$ 6,999'.

É que os 'pós-graduados' em confundir o consumidor sabem, pela prática, que o freguês mediano (aquele que não mantém controle inteligente sobre o que gasta) tende a arredondar para baixo, e de maneira inconsciente, os preços que lê. Assim, esse incauto, ao ver exibida uma cifra terminada em ',99' – 39,99, por exemplo, (na frente da vírgula também funciona) – tem uma interpretação 'para baixo'. É como se ali estivesse escrito ',38,00'. Ele, sim, lê R$ R$ 39,99, mas 'processa' na mente R$ 38,00. Pior ainda, quando são três e não dois noves.

A psicologia explica o fenômeno, inclusive acrescenta que não depende de números e sim de 'quais' números. A gasolina no país hoje custa em média R$ 7,76 o litro, mas jamais seria grafada nesse valor pela maioria dos postos; seria sim numa sequência mentirosa de noves. Coisa de malandragem financeira.

Isto sem falar que não é a primeira vez que a ANP obriga o varejo a uma prática mais clara da política de preços. Já fizera o mesmo em 2021, sem sucesso.

Preocupa o vermos parte do sistema político agindo de forma semelhante. Os pós-graduados do engodo ao eleitor também existem e estão se mostrando mais perigosos que nunca. Figurinhas e figurões 'carimbados', antes mesmo do início oficial da campanha eleitoral deste ano, oferecem-se carregados de 'noves' após as respectivas 'vírgulas' para enganar os votantes.

Tivemos facada no passado, na tentativa de tirar concorrente do páreo. Agora, entretanto, os golpes podem estar mais difíceis de serem detectados. O mundo está de cabeça para baixo e, nesta posição, o inocente '999' pode ser o diabólico '666'. Cuidado!

É a nossa opinião.