Seis meses atrás morreu o diretor Richard Donner, aos 91 anos. Se você não está ligando o nome à pessoa, desenvolvo: foi um dos responsáveis por levar às telonas o primeiro longa-metragem bem-sucedido de super-herói - 'Superman' (1978), o filme que fez a minha cabeça e a de tantas crianças e adolescentes nos últimos 30, 40 anos.

Lembro a minha felicidade ao comprar, em 2003, o DVD que, além da fita, estava recheada de extras, dentre eles o próprio filme comentado por Donner, de cabo a rabo, todos os 143 minutos com recordações do cineasta sobre bastidores de como foi rodar esta ou aquela cena, dificuldades em tal take, satisfação por ter conseguido determinada sequência.

Donner e a trupe de malucos toparam, há 46 anos (as filmagens de 'Superman' começaram em 1976 e duraram 19 meses!), transportar o mundo mágico do homem que voava com a cueca por cima da calça, dos quadrinhos às nossas ingênuas fuças. Sua carreira, todavia, não se resumiu a esta produção e nem à sequência, 'Superman II' (1980), onde, por inúmeros desentendimentos, abandonou o projeto, transferido ao seu xará Richard Lester (Donner 'relançou' a aventura com a sua versão em 2006).

'A Profecia' (1976, o 1º para valer como comandante da orquestra), 'O Feitiço de Áquila' (1985), 'Os Goonies' (85), 'Máquina Mortífera' 1 ao 4 (1987-98), 'Maverick' (94) são alguns dos trabalhos. Como se vê, profissional 'total anos 80', no que se refere às testosteronas dessas 'fitas de macho'.

Em 2006 lançou '16 Quadras', último engenho como diretor. Iniciou a carreira na TV em 1960. Fez bicos dirigindo alguns seriados, dentre eles 3 episódios do famigerado 'Perry Mason'. Esteve também em 'Além da Imaginação' e 'Agente 86'. Uma curiosidade é que, ao lado de Wes Craven ('Pânico', 1997-2011) e Steven Spielberg ('Indiana Jones', 1981-2008), forma o trio dos únicos que regeram todas as produções de uma tetralogia, pelo 'Máquina Mortífera'.

E quem viu a versão estendida de 'Superman' percebeu a cena em que, de costas, comenta com um colega a 1ª aparição do Homem de Aço, que está em todas as televisões de uma vitrine que ele observa.